quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Vale a pena

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Efeméride (perdi a conta)

“Eu vivo de boa sopa e não da linguagem.”
Molière - Dramaturgo francês (1622-1673)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Achados e Perdidos


O filme é um achado. Não havia ouvido falar dele. Descobrimos a sua existência por acaso, assistindo aos traillers de outro filme.
Uma história policial brasileira. Direção de José Joffily, com Antônio Fagundes, Zezé Polessa e Juliana Knust. Mas não pense que é um filme de ação. Tudo é muito bem dosado. Um mergulho no universo subterâneo (praticamente invisível aos outros) da prostituição e de todos os tipos estranhos que por ele vagam.
Assassinatos, polícia, políticos, matadores, prostitutas, drogados,... alguns retratados em toda sua dignidade, outros, nos seus únicos pútridos atributos.
Mas quem é quem? Quem se salva? Quem é o mocinho? Perguntas sem sentido quando tratamos da vida real, quando tratamos do gênero humano.


*Você não ouviu ou não vai ouvir nada sobre este filme porque deve ter recebido uma indicação de censura alta. Mas não é pornografia. Pode confiar.

Atualizações


O blog anda assim, às moscas, em virtude do cansaço, do desânimo do fim de ano. Não acho que ele tenha morrido. Está apenas adormecido, em ritmo reduzido.
Fim de ano tem disso. Cansaço. Espera louca pelas férias. Festas e mais festas. Das boas e das que vamos apenas por "obrigação". Que ao invés de darem um gás, nos cansam ainda mais.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fome - Knut Hamsun


"Fui-me embora. Um bônus, um bônus para mim também! Estava havia três longos dias e três longas noites sem comer. Um pão... Mas ninguém me ofereceu um bônus, e não tive coragem de reclamá-lo. Instanteneamente, isso despertaria desconfiança. Começariam a remexer em minhas coisas, descobririam quem eu era realmente; e me deteriam por falsa alegação. De cabeça erguida, com a atitude de um milionário, de mãos presas ao forro do paletó, retirei-me do Depósito." pág. 67

haja fome.

domingo, 22 de novembro de 2009

7ª Bienal do Mercosul


No último fim de semana de outubro fomos ver as exposições da 7ª Bienal do Mercosul. Pelo tempo que levei pra escrever este texto, vocês podem imaginar o impacto que ela me causou.
Não gostaria de ser grosseiro. Não gostaria de parecer um simplório iletrado “nos entendimentos das belas artes”. Mas, sinceramente, esta edição da Bienal está um lixo.
Eu gosto de arte contemporânea. Já vi muitas exposições. Sei que a função da arte é incomodar, comover, provocar reações,...
A única reação que tive foi de pena. Pena pelo dinheiro desperdiçado. Pena dos “artistas de plástico” que pensam que estão produzindo algo bom. Pena do público que se desloca até lá para ver aquilo.
Por mais que uma obra deva ser transgressora, inovadora ou “moderna”, ela deve ser bem executada. E é isso que não vejo nas obras da Bienal.
Desleixo. Falta de técnica. Pressa em terminar. (A falta de técnica me parece ser o que mais salta aos olhos).
Em algumas obras percebe-se o que parece ser um deslumbramento do artista com as possibilidades do computador e da internet. Mas com as possibilidades mais básicas, que qualquer criança que tenha acesso a estas tecnologias já superou.
Um avatar do Second Life (?) voando – “Que bela obra”. Second Life já era. Ultrapassado. Banal.
Podem dizer que há um significado por trás daquilo (para mim, o que há por trás dessas obras é um grande QI - quem indica). Há a intenção do artista. Mas quando falta técnica, a intenção muitas vezes, não passa de intenção. E se a obra precisa de um mediador para ser entendida, ele deveria estar grudado nela para todo o sempre amém. (Uma obra de arte não precisa de mediador).
Pior são os mediadores. No Santander Cultural, onde está a mostra "projetáveis" (de toda arte em vídeo que já vi até hoje, essa foi a pior coleção), escuto uma pérola da falta de sensibilidade. Mediadora explicando uma obra para um grupo de crianças que aparentava ter entre 7 e 8 anos. Todos de aparência muito humilde:
- Onde vocês encontram essas músicas? (A obra eram várias camadas sobrepostas de um player digital executando uma música. A música era executada com alguns segundos de atraso em cada player e a sobreposição fazia parecer que todos corriam juntos).
As crianças olham-se em silêncio. Nenhuma resposta. A mediadora insiste. A palavra pretendida é “internet. Mas o silêncio continua. A condição daquelas crianças denuncia, ou melhor, escancara, que internet não é seu cotidiano. De repente, um menino timidamente arrisca um “you tube”?

Mas, realmente, como alguém, hoje em dia, não sabe que músicas em mp3 vem da internet?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Fragmentos rodrigueanos


Mais uma vez vou escrever sobre uma peça de teatro que assisti já há algum tempo. Bom, quem sabe serve de referência para alguém que ainda vá assistí-la ou como troca de experiências com outros que também assistiram.

Uma coletânea de esquetes baseada nos textos da série "A vida coo ela é", de Nelson Rodrigues.
Todos ótimos. E muitos deles engraçados. Sim, engraçados. A adaptação dos textos fez um excelente trabalho transformando a ironia e o sarcasmo em humor (sob medida para os palcos). Um humor refinado, cruel. Mas um humor necessário.
Acho que seria difícil pessara pelos 75 minutos de encenação se todos os textos tivessem o peso original de um Nelson Rodrigues. Mas este peso está lá. E o humor só faz aumentá-lo. Todos riem à vontade. E de repente, nos dois últimos esquetes, a paulada. No último ato, ele vem tão forte que o público silencia. Prepare-se para o último riso. Mas de trás da cortina vem o chute na boca do estômago.

sábado, 14 de novembro de 2009

Não pode


Estamos vivendo a época do não pode: não pode camas de bronzeamento, não pode beber, não pode fumar, não pode publicidade, não pode Aquarius fresh, não pode H2O, não pode hamburger, não pode, não pode, não pode...
Muitas dessas proibições tem vindo da Anvisa. Cuidado, esse ministro da saúde é muito pior que o Chavez (o da Venezuela, não o da TV - apesar de serem tão atrapalhados quanto). Um ditador nato.
Mas não é só ele. Olhem o número de projetos na câmara, no senado, nas assembléias legislativas e nas câmaras municipais, cujo objetivo único é proibir.
O que está por trás disso é grave: é uma profunda necessidade paternalista de saber e poder escolher o que é melhor para os outros. Mas já não são só conselhos, são ordens. Não pode e pronto.
Já não nos dão o direito de escolha. Já não nos dão o direito a dúvida. Políticos beirando o analfabetismo (mas não a canhalhice), lêem qualquer estudo divulgado por aí e saem criando leis. Leis que não reseitam a diversidade opinião.
As leis deveriam ser criada apenas para regular o bom convívio das pessoas. Mas ultimamente elas estão sendo feitas para dizer o que podemos ou não fazer.
Eu não fumo. Não gosto de cigarros, mas acho absurdo não poder existir nos restaurantes uma área para fumantes. Só entra nessa área quem quiser. Ah, mas temos que proteger os garçons. Mas para isso existem outras possibilidades.
E há os absurdos: o governo, de um lado (por um ministério), faz campanha para aumentar o consumo de vinho produzido no Brasil. Por outro lado (outro ministério), só não proíbe a venda de bebidas alcoólicas (instituição da lei seca) porque a pressão é muito grande. Gastam dinheiro com campanhas e incentivos de um lado, gastam mais dinheiro com campanhas e fiscalizações do outro. Um ato anula o outro.

domingo, 8 de novembro de 2009

Coraline - O filme


Desde que soube que Coraline, de Neil Gaiman, seria adaptado para o cinema, fiquei curiosíssimo para ver o resultado. Pois bem, aí está.
Coraline, o filme de animação, chama atenção pela beleza dos traços do desenho. E pela qualidade e técnica da animação. Nada super power mega inovador. Mas bonito.
Quanto ao enredo, funciona. Mas como quase sempre acontece, quem leu o livro vai ficar um pouco decepcionado. A história está toda ali. Mas falta. Falta aprofundar alguns pontos. Explorar melhor algumas situações e personagens. Quem sabe, até explicar um pouco mais algumas coisas (para isso preciso da opinião de alguém que não leu o livro: a história é todos os personagens estão compreensíveis e se justificam?)
Outra coisa que chama minha atenção nessas adaptações, é a necessidade do roteirista em acrescentar algo ou alguém na história. Se o original é bom, por que fazer isso? É uma incapacidade de admitir que o original está completo?
Para quem já assistiu (spoiler):
o menino não existe no livro. Claro que não atrapalha. Mas também não soma. Talvez até tire um pouco do sentido das aventuras de Coraline.

Em mim ficou essa pergunta que não cala: se não consegue dar conta de colocar no filme toda história que está no livro, por que acrescentar elementos novos que roubam ainda mais tempo? E isto não é só para este caso. Acontece em quase todas as adaptações.
Sim, eu sei: são adaptações. Mas... mas... Para o não leitor, não faz diferença (ou faz, por estar comprando gato por lebre?). Já para o leitor (e desconfio que estes filmes sejam feitos especialmente para os fãs do escritor), fica a incompreensão.

Fome - Knut Hamsun


"O sopro ligeiro do primeiro frio perpassou sobre as plantas, e cada uma delas guardou um sinal diferente. Talos de ervas, desbotados, eriçam-se contra o sol; folhas ressecadas rolam por terra com o chiado de uma procissão de bichos-da-seda. É a razão outonal, em meio ao carnaval da efêmera duração. Inflama-se o rubor das rosas, a tez de sangue vivo das flores adquire maravilhosa cintilação de tpisica." pág. 31

sábado, 7 de novembro de 2009

Ainda sobre Indignação - Philip Roth


Marcus Messner está indignado pela vida que não teve. Pelas experiências que lhe foram negadas. Por ter que lutar numa guerra que não é sua, num lugar distante. Contra ideais com os quais concorda. E a favor dos que discorda.

Li em algum lugar que Indignação seria uma espécie de "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Mas não. Marcus ainda não está morto. Apesar de o recurso narrativo também ser interessante, é diferente. E seria incoerente com a vida de Marcus relatar qualquer coisa depois da morte. Ele é ateu. Um judeu ateu.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Livro diurno


Preciso de um livro diurno. Um livro solar.
Quem sabe uma paisagem nordestina?
Há pouco tempo atrás, li um que se passa numa madrugada de Tóquio. (E pouco depois, outro que se passa na escura alma de um jovem ameaçado pela guerra.)
Depois dessa escuridão noturna, preciso de sol. Luzes artificiais já não me bastam.
Neons e leds coloridos não abrem brechas no céu escuro das almas.

(Engraçado, mais uma vez leio outro carregado de sombras).

domingo, 1 de novembro de 2009

Feira do livro de Porto Alegre - 1


das aquisições:
- Um retrato do artista quando jovem - James Joyce - Alfaguara - R$ 10,00
- A estrada - Cormac McCarthy - Alfaguara - R$ 10,00
- Um, nenhum e cem mil - Luigi Pirandello - Cosac & Naify - R$ 15,00
- Mandrake - A Bíblia e a bengala - Rubem Fonseca - Companhia das Letras - R$ 5,00

Que barbada! R$ 40,00 no total. Ainda mais considerando as editoras.
Algumas caixas de saldos estão interessantíssimas. Ainda mais quando temos um amigo que já andou por lá e sabe exatamente aonde ir.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Aquele abraço


Acabei de voltar do espetáculo musical "Aquele abraço".
Qual a minha sensação? Constrangimento. Não pelo show, que era ótimo. Mas pelo público, que era ínfimo. Não pelo público que lá esteve, mas pelo que não foi e preferiu ficar em casa assistindo a novela das oito ou das nove ou sei lá que horas.

Um constrangimento de cadeiras vazias.

Aquele abraço é um desfile pululante de canções da Tropicália e dos festivais dos anos 60 e 70. Todas super bem interpretadas por Jottagá, Angélica Rizzo, Chico Merg e Denner Zicca.

Cada cadeira vazia é um aplauso a mais que eu tenho que compensar.

E o melhor de tudo (pra variar) é que estas coisas belas se assiste aqui na minha cidade de graça. É. "De graças" ao Sesc. E mesmo assim as pessoas não vão. E não é por falta de divulgação (sempre tem alguns que alegam isso). Fosse cobrar R$ 15,00 e lotava.

Mas a música era maior que o constrangimento. Este, só tomava conta do ambiente (insistentemente) naquele silêncio entre uma música e outra. Quem puder ver, veja. E como eu já disse em outras ocasiões, quem perdeu...

domingo, 25 de outubro de 2009

Fome - Knut Hamsun


"Abri a janela e olhei para fora. A vista incidia sobre um varal de roupas e um terreno baldio; bem na ponta, onde se incendiara a oficina de ferreiro, operários retiravam do entulho uma fornalha arruinada. Debrucei-me à janela e examinei o céu. O dia seria esplêndido, sem dúvida. Estávamos no outono, estação delicada e fresca, em que as folhas mudam de cor, e passam desta para melhor. Começara a algazarra na rua, e o barulho me atraia para fora. Aquele quarto lúgubre, com o soalho balançando a cada passo, parecia antes um caixão desconjuntado." pág. 12


Duas citações à morte. Um início promissor para mais um livro sombrio. Juro que a escolha é aleatória e não proposital.
Mas já é possível perceber um pouco da poesia que Drummond consegue extrair ou acrescentar a uma tradução.

E um link para a página do autor.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

...

já fui mais assíduo neste blog. Mas não abandonei a casa, nem o barco, nem a estrada.
As vezes o cansaço bate (e no meu caso, todo ano nesta época - quando algumas obrigações me tomam muito tempo e pensamento).  Vou acumulando textos no caderninho (é as vezes eu escrevo a mão - muitas vezes. E as vezes eu gosto de usar parêntesis).

Efeméride 27

“Para não sofrer com a realidade exterior, as pessoas muitas vezes se estreitam, reduzem suas existências, e se fecham para os outros. A guerra apaga a face do outro, transforma-o em um estereótipo. E escrever é dar rosto aos outros.”
David Grossman - Escritor israelense


A várias definições sobre o ato de escrever. Muitas ou todas elas válidas sempre ou em alguns momentos. Hoje vi está aí. Uma boa definição para o que é escrever. "...dar rosto aos outros". Mesmo que sejam os outros por nós imaginados.

domingo, 18 de outubro de 2009

Indignação - Philip Roth



Muito bom livro. Mas não posso dizer que é ótimo. A trama se passa em 1951, quando os Estados Unidos estão lutando na Guerra da Coréia. Isso me deixa um tanto deslocado. Apesar de saber um pouco sobre essas guerras todas em que os norte-americanos se envolveram (Hollywood), elas não fazem parte dos meu verdadeiros conhecimentos históricos.
A história conta um pouco da vida de Marcus Messner. Uma história comum a vários jovens americanos daquela época. Jovens que tinham medo da guerra, e cuja uma das principais questões era estudar ou ser recrutado para a morte quase certa.
Mas Marcus era um jovem comum, sem necessariamente sê-lo. Sempre tinha que falar demais. Sempre o arrependimento pelo excesso de palavras. Sempre o excesso por causa da indignação. Sempre as atitudes precipitadas (ou não) pela falta de paciência. Mas quem pode julgá-lo sem vestir a sua pele?
Uma história de preconceitos. Intolerância. Conservadorismo. Uma crítica a tudo isso? Não diretamente, mas de certa forma o autor nos conduz a essa crítica. Pode-se lê-la também como uma crítica à rebeldia gratuita.
Não podemos esquecer que é uma história escrita nos anos 2000. E não em 1951. Então a crítica não é dirigida àquela época, mas a esta. E pensar que muito do que condenamos nos personagens do livro ainda existe hoje...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Indignação - Philip Roth


"Por mais que eu dissesse que estava melhor sem ela e que ela bebia pela mesma razão por que havia chupado meu pau, eu não conseguia parar de pensar em Olivia. Tinha medo dela. Eu era tão mau quanto meu pai. Eu era o meu pai. Não o havia deixado lá em New Jersey, enredado em suas apreensões e enlouquecido por premonições assustadoras: eu me transformara nele em Ohio." pág. 57

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A cantilena dos medíocres


"Você está matando a cultura?
O Globo - 04/04/2009 - Por Leonardo Lichote

Um garoto de 13 anos, no computador de seu quarto em Buenos Aires, escreve um verbete para a Wikipédia — e, em Londres, uma dúzia de funcionários da enciclopédia Britannica é demitida. Uma banda iniciante da Suécia põe seu clipe no MySpace — e o executivo da gravadora brasileira reduz o orçamento para a gravação de seus artistas. O blogueiro-escritor posta aqui - e a editora encerra suas atividades lá. Essa versão da popular teoria do 'efeito borboleta', aplicada à economia cultural, é um resumo da tese defendida pelo angloamericano Andrew Keen em O culto do amador - como blogs, MySpace, YouTube e a pirataria digital estão destruindo nossa economia, cultura e valores (Zahar, 207 pp., R$ 39,90). Na contramão das celebrações à 'internet democrática', o livro de Keen causou polêmica quando foi lançado nos Estados Unidos em 2007 e deu nova direção ao debate sobre o 'admirável mundo novo' digital."


Eu tenho uma teoria sobre o domínio da mediocridade nos tempos atuais. E diria que os medíocres não são esses que tem blogs ou bandas que divulgam suas músicas pela internet. Os medíocres são estes senhores estabelecidos que tem medo de novos atores no "seu mercado". Atores que tenham qualidade e ofusquem o seu parco brilho, que éramos obrigados a consumir a custos absurdos por falta de opção.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

despertador às cinco horas


O despertador toca. Cinco horas da manhã. Não está habituado a acordar tão cedo. Não sente-se tão cansado como esperava. Mas ainda assim, cansado.
Olha pela janela do quarto e ainda está escuro. De vez em quando passa um pedestre na rua. Um trabalhador. Um vagabundo. Uma trabalhadora. Fica imaginando a vida de cada um dos passantes. Voltando ou saindo de casa?
Desce para a cozinha. No caminho liga o rádio para saber a temperatura. Mas o locutor não fala. Só músicas. Uma atrás da outra. Dá-se conta de que a emissora ainda está no piloto automático.
"...nos barracos da cidade, ninguém mais tem ilusão..."
Toma uma xícara de café e come um pedaço de bolo. Percebe que está realmente cansado quando o estômago, parado, não aceita muito bem o lanche. Sente um leve enjoo. Sabe que aquilo é sinal de que não dormiu o suficiente. O dia promete ser longo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Indignação - Philip Roth


"E eu estava satisfeito com isso. No começo de minha vida madura, antes que tudo de repente ficasse tão difícil, eu tinha um grande talento para ficar satisfeito. Era assim desde a infância, e isso ainda fazia parte de meu repertório no primeiro ano da Robert Treat." pág. 20

É preciso de talento para ficar satisfeito.

domingo, 11 de outubro de 2009

Um desenho


Rabiscos feitos há muito tempo.

sábado, 10 de outubro de 2009

E de novo, o preço dos livros


- Os cadernos de dom Rigoberto (Alfaguara, 236 pp., R$ 47,90), de Mario Vargas Llosa.
- Gustave Flaubert, A educação sentimental (Nova Alexandria, 416 pp., R$ 65).
- Ana Miranda: Yuxin (Companhia das Letras, 344 pp., R$ 51), com CD.

Alguém ainda quer defender a tese de que livros não são caros?
E os livreiros ainda querem aprovar uma tal de lei do preço fixo do livro. Pra que serve essa lei? Pra proibir os descontos.
O governo federal retirou os impostos da cadeia produtiva do livro. Livro não paga ICMS. O governo quis que a cadeia produtiva constituisse um fundo de incentivo à leitura com 1% do seu faturamento (abdicou de quase 10% quando eliminou os últimos impostos), mas os empresários foram contra porque isso seria aumento de impostos (sempre as meias-verdades). Agora parece que o tal fundo saiu, mas a contribuição será de 0,33%.
Os livros continuam caros mas os empresários do setor dizem que nos últimos anos o preço médio caiu. ãh ãh. Pena que a gente (nós poucos leitores que ainda sobramos no mundo) não percebeu. E percepção é tudo.

Aliás, alguém conhece algum outro setor com tantos incentivos?

Texto inspirado neste outro aqui.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Efeméride 26

"Uma imagem vale por mil palavras, não? Pois tente dizer isto sem as palavras".
Millôr Fernandes - Escritor brasileiro

Millôr Millôr Millôr. Ai ai. Já te considerei mais esperto. Claro que essa afirmação e minha réplica não levam a nada. Aliás, quem vai ler e dar atenção a minha réplica?
Mas voltando ao assunto da imagem, não é necessário dizer, basta mostrar uma imagem.
Palavras são falsas. Não diria que "mentem", mas não são as coisas, são só representações pobres e arbitradas. E nós, seres humanos, não temos outra opção de comunicação. Ou temos?

domingo, 4 de outubro de 2009

Alimentar-se


Tentamos (ao menos eu tento) comer como nossos pais diziam: porque isso é mais saudável que aquilo, porque é menos industrializado, é mais natural, tem mais vitaminas,... Ao mesmo tempo, os pais deles provavelmente comiam mais natural ainda, porque a cada geração mais industrialização. E talvez eles tentassem fazer o mesmo. Mas vem outros e dizem que hoje temos uma higienização muito melhor nos processo de fabricação/industrialização dos alimentos. E que é tudo mais asséptico, com menos bactérias e contaminação (nem tábuas de corte de madeira devemos usar, ao contrário dos antigos). Daí aperecem uns terceiros que dizem que quanto mais processado o alimento, mais calórico ele é. E que quanto mais em seu estado natural, menos calórico.
Nisso tudo, uma hora não devemos comer manteiga, ovos, beber café ou chá preto porque todos são venenos mortais. No dia seguinte devemos consumir todos os citados anteriormente porque são a salvação da espécie humana.
E nós, como ficamos no meio dessa balbúrdia toda? (Desconfio que os cientistas não sabem de nada - ou sabem o quanto as empresas produtoras de determinados alimentos investem nas suas pesquisas). Talvez a opção seja alimentar-mo-nos de sol. Mas isso vai contra certos interesses, e os pesqusiadores dizem que é impossível. Mas o que fazer se alimentos são veneno e sol não sustenta?
Bom, eu cá já tomei minha decisão. Fico feliz com o que tenho pra comer, e como de tudo. Porque, pensando bem, em uma época em que cada vez mais se fala que não há/haverá alimentos para toda a população da Terra, já é ótimo ter o que comer.
E que venham as fritas, o McDonalds, o café e a salada.

sábado, 3 de outubro de 2009

Ainda sobre Após o anoitecer, de Haruki Murakami


Perder-se na noite. Perder-se na noite de uma cidade grande, enorme. Imagine toda impessoalidade que isso implica. Adotar essa madrugada como sua morada (ao menos por uma noite). Refugiar-se em bares que nunca fecham. Refugiar-se na companhia desconhecida. Na impessoalidade.
Pessoas que se conhece pelos instantes de uma noite. E depois, quem sabe, nunca mais encontra-se.
Mari, a personagem principal, tem uma parede que a separa dos outros. Assim como todos os outros. Takahashi, o "diferente" da trama, tem o poder de perfurar paredes. É através dele que penetramos no universo de Mari. E por tabela no de Eri, a irmã "bela adormecidada" de Mari.
Mas mesmo com esse poder, transpassar a parede de Mari leva algum tempo. E no período de uma madrugada o que conseguimos observar pela brecha aberta não é muito. Mas, esse pouco alimenta nossa imaginação.

Apesar de Murakami embalar a história basicamente em jazz, Placebo parece ser a trilha sonora perfeita.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

hoje as imagens são por sua conta.

riscos azuis. claros e escuros.
rosa. pingos de tinta atirados.
mozart. música. mais tinta. em pingos pequenos. andante allegro.
verde. amarelo. transição para um rock.
roxo. vermelho. laranja. riscos. aleatórios.
silêncio.
silêncio.
silêncio.
silêncio.
silêncio.

e então?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Após o anoitecer - Haruki Murakami

"A generosa luminosidade da manhã vai lavando todos os cantos do mundo, sem cobrar nada. Duas jovens irmãs estão juntas, deitadas numa cama pequena, domirndo serenamente. Exceto nós, ninguém mais sabe disso." pág. 200


Um bom livro.
Ótimo no começo. Uma ideia ótima. Uma narrativa que se passa em uma única noite. Cada capítulo com um relógio indicando as horas da madrugada.
Várias histórias que, de alguma forma, se entrelaçam sem que os envolvidos sequer saibam do entrelaçamento.
Duas irmãs. Duas irmãs na escuridão. Separadas por nada, mas com um abismo entre elas. Duas irmãs, como duas partículas que precisam se encontrar pra gerar luz.
Uma histórinha de amor. Quase imperceptível, porque deve ser à moda do Japão.
Sim. É uma história japonesa. Uma história de Tóquio. Anos-luz a nossa frente, mas nossa contemporânea. Acontece hoje, mas poderia ser no futuro. Para mim Tóquio é simplesmente um futuro de ficção científica.
Adoro histórias contadas por escritores de outros países. A cultura, os costumes do país escapam nas entrelinhas (e as vezes nas próprias linhas).
É uma história de solidão. Por isso uma história noturna. Várias solidões perambulando pela madrugada.
Máfia chinesa (no Japão). Prostituição. Jazz. Cultura pop (até que nem tanto). Sonhos. Segredos. E o livro me dá certeza de uma desconfiança: os japoneses são reservados.
Destaque especial para a trilha sonora. Sim, um livro com trilha sonora. Muito jazz e algumas otras cositas. Para ambientar-me, saí a cata das músicas citadas, e elas ajudaram muito na composição da atmosfera dos ambientes pelos quais a personagem principal passa.
Uma história de introspecção. Tamanha que nós leitores mal vislumbramos um pouco abaixo da superfície.
E o que rebaixa o ótimo do início para "um bom livro"? Tudo corre bem até 3/4 do livro. E de repente nos damos conta de que alguma coisa falta. Há um desfecho. Mas como acontece em outros livros que li recentemente, ele vem muito rápido. Muito... (ia dizer superficial, mas o livro não é raso - apenas nos dá a opção de não mergulhar). Muito... exatemente isso. Muito de me deixar sem uma palavra que o defina. Um vazio. Dentro das classificações literárias diria que se trata de um romance que transveste-se de conto.

Após o anoitecer, poderia ser classificado com um livro que expressa o mal estar da pós-modernidade. Da massa e da individualidade. De perder-se no meio do todo. De ser alguém, mas não ser ninguém. De ser engolido pela metrópole. De ser um rosto perdido na multidão, mesmo na madrugada. De ser um homem sem rosto.

Ainda agora eu descubro nuances perdidas na história. Mensagens cifradas. Senhas escondidas. Brinquedos de montar espalhados pelo cenário.

Ainda agora eu penso em dizer que o livro é ótimo. E que este ótimo está escondido no pós. Não no durante.

Aqui, uma resenha muito mais complexa que a minha. Vale a pena.

Alfaguara (selo da editora Objetiva) - 208 págs. - R$ 39,90 (mas se encontra por bem menos na internet)

domingo, 27 de setembro de 2009

Após o anoitecer - Haruki Murakami


"- Fico pensando... Será que as lembranças não seriam o combustível de que os homens precisam para viver? Se essas lembranças são ou não realmente importantes para a manutenção da vida, não vem ao caso. Elas podem ser apenas um combustível. Seja uma propaganda de jornal, um livro filosófico, uma foto pornográfica ou um maço de notas de dez mil ienes, tudo isso não passa de papel na hora de queimar, não é mesmo? O fogo não queima tudo questionando 'Nossa! Isto é Kant' ou 'Isto é a edição vespertina do Yomiuri' ou 'Puxa! Que peitos!', concorda? Para o fogo, tudo não passa de papel. É a mesma coisa com a memória. As lembranças importantes, as mais ou menos importantes, ou até as que não têm importância nenhuma, tudo, indiscriminadamente, é apenas matéria de combustão." pág. 173

e/ou

"Dinheiro
(Arnaldo Antunes)

Dinheiro é um pedaço de papel
O céu é um
O céu na foto é um pedaço de papel,
Pega fogo fácil
Depois de queimar dinheiro vai pro céu
Como fumaça
Também é fácil rasgar
Como as cartas e fotografias
Aí não se usa mais
Porque dinheiro é um pedaço de papel
Um pedaço de papel é um dinheiro
Dinheiro é um pedaço de papel
Pode até remendar com durex
Mas não é todo mundo que aceita
O que não se quer melhor não comprar
O que não se quer mais
Melhor jogar fora do que guardar em casa
Dinheiro tem valor quando se gasta
Um pedaço de papel é um pedaço de papel
Dinheiro não se leva para o céu"
 
né não? Também acho. Especialmente com relação ao dinheiro. Apenas uma convenção. Um pedaço de papel como qualquer outro se não fosse a nossa imaginação.
E com relação às lembranças... não havia pensando dessa forma ainda, mas Murakami tem lá seu bocado de razão. Combustível, fôlego, oxigênio, biblioteca... sim. Algo necessário ao presentefuturo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

...

ser adulto é forçar amizades
obrigação da visita de domingo
um incomodo consentido


forçar uma amizade vencida de infância
esticar uma validade mofada
intoxicar de vazios o nada


estragar a lembrança do gosto

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Por onde ando...

Se alguém lê isto aqui, não pense que abandonei o blog. Estou tendo uma semana cheia, mas já já posto novos textos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Efeméride 25

"Para diminuir um escritor, o costume é avisar que suas frases são publicitárias. Publicitário não é insulto."

"Quem não deixa o fundo é tão superficial quanto quem não abandona o raso. Um morre afogado; o segundo, asfixiado. Comunicar faz a densidade."

Carpinejar

Efeméride em dose dupla. Pra preencher o espaço vazio que um trabalho extra está provocando nas minhas palavras.
Mas que maravilha estas acertivas. Resta apenas concordar. Sem gênero. Sem número. Sem grau.

sábado, 19 de setembro de 2009

Após o anoitecer - Haruki Murakami


"- E, quando você começa a pensar assim, passa a ver as coisas de modo diferente. Para mim, o próprio sistema judiciário transformou-se num ser vivo especial e anômalo.
- Um ser vivo anômalo?
- É como se fosse um polvo. Um polvo gigante que mora nas profundezas do mar. Um polvo com uma força vital poderosa e com inúmeros e enormes tentáculos que serpenteiam pelo mar escuro. Enquanto assistia aos julgamentos, era inevitável fazer esse tipo de associação. Essa criatura pdoe assumir várias. Pode tomar a forma de uam 'Nação' ou de 'Leis'. Há casos em que pode assumir formas ainda mais complexas e inconvenientes. Você pode cortar, cortar e cortar seus tentáculos, mas não adianta, rapidamente eles nascem de novo. Ninguém pode matá-la. Ela é forte e mora num local muito profundo. Não sabemos nem onde fica seu coração. O que senti naquela hora foi um profundo medo. Também me senti desesperado, só de pensar na impossibilidade de fugir para nem longe dela. Essa coisa não está nem aí para você ou para mim. Quando estão diante dela, as pessoas perdem a identidade e o rosto. Todos nós passamos a ser um código. A ser apenas um número." págs. 101 e 102

Um dos bons trechos do livro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Após o anoitecer - Haruki Murakami

"- O que exatamente você quer dizer com criar alguma coisa de verdade?
- Como posso explicar... Quando a música que você interpreta consegue tocar lá no fundo do coração das pessoas, tanto o corpo de quem toca quanto o de quem ouve, com sutiliza, se desloca fisicamente. É conseguir criar esse verdadeiro estado de comunhão. Acho que é isso.
- Difícil, não?
- Muito difícil - Takahashi concorda. - É por isso que resolvi descer e pegar outro trem na próxima estação." pág. 97

Circo Nacional da China

Outro posto um pouco atrasado, já que passaram alguns dias desde que assisti o Circo Nacional da China. Mas, de qualquer forma, quero compartilhar minha impressão sobre este espetáculo.

Um pouco mais que o Toll. Um pouco menos que o Cirque du Soleil.
É bom. É incrível o que se pode fazer com um corpo bem condicionado.
Contorcionismos. Equilibrismos. Malabarismos.
Um circo sem animais. Será? A condição de ser um "circo da China" não saia da minha cabeça nem por 1 minuto. Será que quem errou durante o espetáculo será chicoteado nos bastidores? Má cama faz, nela jaz.
De tanto ouvir barbaridades sobre a China (e nem sei quais são verdadeiras) fiquei com esta image.
Caiu? Levanta, cumprimenta o público e tenta de novo. A não ser que o tombo seja tão feio que impeça a repetição da acrobacia. Neste caso, continua em cena, mancando até terminar o ato.
Mas é bom (falta alguma coisa para ser ótimo). E de novo aquela sensação de Made in China. Um descuido com o cenário aqui. Outro ali. E...
Algumas acrobacias eu já havia visto pela TV, e queria muito ver ao vivo. E valeu a pena.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Políticos

Ninguém nasce político. Os políticos se formam na sociedade.
Sobre isso posso dizer que: também acho uma sacanagem a PRF fazer tocaia com radar nas rodovias. Também acho uma sacanagem uma rodovia com pista dupla ter um limite de 60km/h. Mas e a nossa postura? Se a placa diz 60km/h, por que andamos a 80?
Uma provocação: quem foi que autorizou a colocação daquela placa lá?
Se as pessoas se respeitassem não precisaríamos de governo, nem de legislativo, nem de judiciário, nem de polícia. Utopia, eu sei. Mas eles estão lá e são como são, porque nós estamos aqui e somos como somos. Nós é que os criamos. Nas pequenas falcatruas do dia-a-dia. E depois os elegemos como representantes porque são a nossa imagem e semelhança (Votamos nos iguais. Votamos nos que pensam como nós, para representar os nossos interesses).
E quem autorizou a colocação daquela placa lá na rodovia foram os nossos representantes. Não o teu ou o meu. Não o azul ou o vermelho. Não o de direita, o de esquerda ou o ambidestro. Foram todos eles. Ou em suma, fomos nós.

Após o anoitecer - Haruki Murakami

"O 'homem sem rosto' continua a observá-la em silêncio, sentado numa cadeira de madeira, destas bem simples. De vez em quando, seus ombros fazem um leve movimento para cima e para baixo acompanhando o ritmo de sua respiração, como um barco sem tripulação a vagar sobre as ondas calmas do alvorecer.
No quarto, nada mais se move." pág. 56

Simples. E bonito.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Em busca da tranquilidade

Estou trocando as transmissões de futebol pelas de tênis.
São mais silenciosas. Mais educadas. Mais calmas. Menos gritadas.
No futebol, os jogadores gritam, os treinadores gritam, a torcida grita, e se não bastasse essa gritaria toda, os narradores também gritam.
Até parece que futebol se ganha no grito (se bem que ultimamente...).
Aquele barulho todo chega a dar náuseas.
No tênis há o silêncio (a não ser que um argentino esteja na final). Apenas o som da bola quicando ou o esforço do jogador. Aplausos só ao final da jogada. Tão mais tranquilo. Como isolar-se numa ilha deserta.

E pensar que numa partida super profissional de tênis chega a haver nove juízes e ainda usam o recurso de replay eletrônico... No futebol são três pra um campo daquele tamanho. E ainda querem que eles sejam perfeitos (e a Fifa se recusa a adotar qualquer modernidade - mesmo nas competições oficiais - porque vai "elitizar" o esporte).

domingo, 13 de setembro de 2009

!!!

agora é lâmpada econômica.

...

o acento era o brilho da ideia.

sábado, 12 de setembro de 2009

Após o anoitecer - Haruki Murakami

"Ela interrompe a leitura e volta-se para a janela, que, do segundo andar, permite observar o movimento lá embaixo. Apesar do horário, as ruas ainda estão bem iluminadas e é grande o número de pessoas que vêm e vão. Pessoas que têm objetivos e as que não têm. Pessoas que tentam parar o tempo e as que querem acelerá-lo. Ela observa por algum tempo essa cidade sem nexo e procura concentrar-se em respirar com serenidade, para depois voltar novamente às páginas do livro. Estende o braço para alcançar a xícara de café. O cigarro, após algumas poucas tragadas, está apoiado no cinzeiro e gradativamente, mantendo seu formato, vai se transformando em cinzas." pág. 10

Na leitura deste livro estou experimentando um acompanhamento da internet. É interessante. Ouço as músicas citadas. Agora procurei umas fotos do Denny's (bar/restaurante que aparece logo no início da história).
Talvez alguns possam pensar que isso estrague um pouco do trabalho da imaginação. Também desconfiei que isso pudesse acontecer. Mas eu li o livro antes de procurar pelas imagens. E as músicas foram um doce complemento (pois estas procurei logo que eram citadas). Ajudaram a criar a atmosfera dos lugares que eu imaginava. Foram o acompanhamento perfeito.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

As editoras, os autores e os livros


As vezes se espera muito de um livro e ele não nos dá nada. Ou quase nada.
Não sei porque as editoras escolhem tanto quem publicar (digo isso em relação aos novos autores), se ao final publicam sempre os mesmos nomes. Ainda que o texto seja um lixo.
Escrevo isto pensando mais uma vez no Amsterdam, de Ian McEwan. O que me levou a isso foi o início (ótimo) da leitura de "Após o anoitecer", de Haruki Murakami.
Aliás, mudando de assunto, uma reforma ortográfica realmente útil, deveria substituir o "qu" por "k".

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Um link

Sem tempo para o cinema?
NUma época de mundo acelerado, vidinha corrida ou seja lá como você queira definir, não se desespere. Há jeito para tudo.
Filmes de 5 segundos.

5secondfilmes

Você nem viu e já acabou.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Estômago

Quem cozinha sempre tem mais oportunidades de se "dar bem" em situações delicadas. É ou não? No quartel, no Big Brother e na cadeia. Duvida? Assista Estômago.
Raimundo Nonato, chega do interior a uma grande metrópole. Ninguém sabe porque veio. Ninguém sabe pra onde vai. Nem ele.
Por causa da fome esbarra na sua nova profissão. E como tem talento, as coisas progridem rápido.
Raimundo é ingênuo. Sim. Ingênuo.
Apaixona-se por uma prostituta.
Não sabe beber, ou melhor sai do ar quando bebe.
Depois de passar um mês preparando coxinhas e pastéis num boteco (em troca de cama e comida), é levado para um bom restaurante de culinária italiana. Lá aprende muito sobre gastronomia. Seu tutor é o dono do restaurante, que percebe nele um talento natural para a cozinha.
Mas há a prostituta. Há a bebida. Um incidente que culmina no filé mignon.
A narrativa faz um jogo, intercalando momentos da situação atual de Nonato no presídio, e a sua história na metrópole até o desfecho que revela o porque da sua prisão. Um recurso que dá o tom certo de suspense ao filme.


E ao final?
A ingenuidade esvai-se com a crueza da vida. Carpaccio não é comida de presídio. Mas as pessoas, por mais humildes que sejam, podem ter suas ambições. Mesmo que seja ter a cama mais alta da cela. Ou podem morrer pela boca. Depende de quem se é.


A vida real. Pessoas de verdade. De carne, osso e filé mignon. Da miséria engraçada da vida. Das coxinhas e pastéis de vento. De cada um ser o que pode.
 
Literalmente uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e gastronomia.

domingo, 6 de setembro de 2009

Kung Fu Panda

Adoro desenhos animados. Por mais simples que sejam as histórias. Em geral são feitos para crianças, e por isso toquem os adultos de uma forma diferente e profunda.
Sim a mensagem, a moral da história está lá. Mas permite que você a leia e interprete. Adapte-a à sua vida.
Kun Fu Panda é uma ótima animação. Ainda mais por se utilizar da estética chinesa.
Os pessegueiros em flor são lindos. Sempre.

sábado, 5 de setembro de 2009

Frenesi Polissilábico - Nick Hornby

Um livro para quem gosta de livros, de ler e/ou escrever. Se você é leitor, vai adorar. Se você escreve, acho que também vai adorar ler um escritor escrevendo sobre livros. Agora, se você não gosta de livros ou está começando a ler... creio que este não seja um bom começo para as suas leituras. Não que o livro seja ruim, mas para um iniciante ele é um pouco “pesado”.
Como se trata de uma coletânea de artigos mensais escritos para uma revista, há uma constante quebra de ritmo. E esta quebra deixa o texto um tanto monótono em alguns momentos. Talvez o melhor termo seja lento.
Em alguns momentos fiquei com a impressão de ser um livro longo demais, apesar de ter só 262 páginas. Mas ao final, tive aquela velha e incomoda sensação que os livros bons deixam (como um vinho bom que insiste em não abandonar a nossa boca): por que acabou? Sim, no fim eu queria que não tivesse acabado. O autor transformou-se num amigo que nos conta suas leituras. Que compartilha suas opiniões e nos indica boas leituras. Um amigo que compra livros, por vezes alucinadamente, como nós, mesmo sabendo que não terá tempo para lê-los.

O ponto negativo: ou Nick Hornby escreve muito mal (o que não parece ser o caso, pois já li outro livro dele), ou Frenesi Polissilábico foi muito mal traduzido. Vai tudo muito bem, mas de repente nos deparamos com frases ininteligíveis. Um tradutor sonolento em piloto automático. Ou um revisor que pulou algumas páginas. Rocco, favor verificar isso.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Efeméride 24

"Eu acho que um bom romance é aquele capaz de perturbar. O que incomoda. Um romance que não incomode provavelmente não merece ser publicado."
José Eduardo Agualusa - Escritor angolano


? As coisas que te incomodam são as mesmas coisas que me incomodam?
E pra diversão não vai nada?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Snow Cake – Um certo olhar

Já faz algum tempo que assisti a este filme. Escrevi o texto e esqueci de postar. Então, agora vai.

O universo mágico de uma autista. Onde a morte nada mais é do que a perda de uma companhia para brincar e, mais importante, de alguém que leve o lixo para fora.
Mas esse alguém morreu. Não vai voltar. Então, pronto. É isso e não há o que lamentar.
Também é a história (um tanto perdida) de um homem que tenta se reencontrar após passar anos na prisão. O motivo aparecerá ao longo do filme. Mas posso adiantar que ele é não é um monstro.
Ainda, é a história da vizinha que quer ser útil, que quer viver. De um caminhoneiro que espera algum tipo de perdão. É a história de uma carona e uma fatalidade.
Enfim, é a história de uma menina que, mesmo cedo abandonando a história, está sempre presente. Sempre ali, viva.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Frenesi Polissilábico - Nick Hornby

"Às vezes parece que nos pedem para imaginar julgamentos culturais como um monte de círculos concêntricos. Do lado de fora, temos os errados, compostos por gente que lê O código Da Vinci e ouvem Celine Dion; bem no meio, temos os corretos, compostos pelos críticos arrogantes, a maioria dos quais jurou nunca mais rir até Aristófanes produzir uma continuação de As rãs. (...) O mundo é muito mais complexo do que o mostrado neste diagrama, é claro, mas às vezes é fácil esquecer que o 'pessoal rã' não é dono da verdade." pág. 205

Com certeza vocês tem que ler este livro. A continuação deste trecho é engraçada. Mas eu não vou dar o texto todo assim de bandeja.

Mas, eu concordo com ele. E ponto.

domingo, 30 de agosto de 2009

Efeméride 23

"Dicas para ler e escrever
PublishNews - 17/08/2009 - Por Redação

Três professores de oficinas literárias, Luiz Antonio de Assis Brasil, Marcelino Freire e Luís Augusto Fischer, chamam a atenção, na nota 'O que fazer com um texto?', no jornal Folha de S. Paulo, para regras básicas de leitura e escrita. A primeira dica para ler diz para o leitor ignorar os best-sellers, por maior que seja a tentação, além de ler edições que tenham bom gosto. Para escrever, é indicado dedicar mais tempo à leitura que à escrita, usar em abundância o ponto final e escrever apenas sobre o que conhece perfeitamente. Confira as dicas completas." (não confira porque no Uol só pagando).

Mais e mais besteiras ditas por pessoas das quais eu esperava menos preconceito.Ignorar os best-sellers? Sério? Eles disseram isso ou o que eles disseram foi deturpado pelo jornal? Qualquer best-seller é ruim? Acho que eles nem podem opinar sobre isso. Se seguem a risca as próprias recomendações nunca devem ter lido um. Ou são daqueles que dizem: faça o que eu digo mas não faça o que eu faço?
Ler edições de bom gosto. Hummm... Bom gosto... Ah tá... Alguém sabe me dizer que raios é bom gosto? (Que eu saiba é uma marca de laticínios) Bom gosto. Pra quem? Pra mim ou pra ti? Pra um apreciador de romances policiais ou pra um amante de ficção científica? Não. Pra eles. Pergunte a eles. Os senhores do bom gosto.
E voltando aos best-sellers. Já que eles dizem que pra escrever deve-se ler mais do que escrever, qual o problema de ler best-sellers? Será que têm medo de que, lendo best-sellers, a pessoa aprenda a escrever best-sellers e eles (enquanto escritores e oficineiros) tenham mais um concorrente no mercado? (Bom, não sei se algum best-seller os considera como concorrência).
Sobre ao ponto final: só tenho a dizer que por esse ponto de vista, Saramago deve ser considerado um lixo. Tsc tsc tsc.
E por último, escrever apenas sobre o que conhece perfeitamente. Sendo bem crítico, diria que ninguém poderia escrever sobre nada. Escrever sobre épocas passadas seria impossível. Chico Buarque estaria proibido de escrever Budapeste. Ah, esqueci: não leia best-sellers.


Por que um texto tão raivoso? Porque essa falsa inteligência me incomoda. Incentivem as pessoas a ler. A ler qualquer coisa. Isso já é um bom começo.

sábado, 29 de agosto de 2009

Frenesi Polissilábico - Nick Hornby

"Fora isso, o que aconteceria se eu não tivesse lido nenhum livro mesmo? Imaginemos alguém que nunca lê livro algum, mas que devora rapidinho cada palavra da New Yorker, da Economist e de seu jornal predileto: bem, essa pessoa imaginária leria mais do que eu, porque seriam cerca de centenas de milhares de palavras por semana, além de ser muito mais inteligente, se formos considerar a definição limitada de inteligente que implica saber coisas sobre coisas. A revista New Yorker tem um texto bem-humorado, além de fornecer uma introdução à prosa e à poesia conteporâneas. Dessa forma o único grupo de alimentos não coberto é o amido: em outra palavras, os clássicos. O que aconteceria se nunca lêssemos clássicos? Chega um momento na vida, pelo menos é o que eu acho, em que o sujeito tem de decidir se é um literato ou simplesmente alguém que gosta de ler, e estou começando a perceber que os amantes da leitura se divertem mais." págs. 198 e 199

Precisa dizer mais?
Eu gosto de ler. E leio clássicos também. Aliás, em geral, há um bom motivo para serem clássicos. Pode apostar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Nome próprio

Uma ótima atuação de Leandra Leal, superando-se para incorporar um personagem que no nosso imaginário não parece combinar com ela.
A história (que história?) é uma elegia à decadência planejada. A decadência com um botão de ejetar (pais) sempre ali a mão.
Bom, é isso. Não há mais o que falar sobre este filme. Não há o que falar.


Mas talvez aí resida a sua história. Uma história de vazio. De uma busca pelo nada.
Entender que a história não existe porque a personagem não tem uma história. Perdeu-se. Se é possível perder-se sem nunca ter-se encontrado.

O recurso usado para a escrita da personagem é muito bom, mas cansa. Muitas vezes muitas vezes muitas vezes. Sim, os textos são legais, mas sempre aquele recurso que estragou-se de tanto usar.

Mas é possível perder uma vida? Acho que não. Uma vida vazia ainda é uma vida. E o vazio pode ser cheio. O vazio pode não ser vazio. Fala-se do vazio existencial, mas como é isso? Podemos enxergar o vazio nos outros? Ou é apenas um conflito de interesses?

Vazio existencial... Se existe, pode ser vazio? Como saber o estofo dos outros? O que carregam, como carregam, por que carregam, para onde carregam... Carregam?

Carregar pressupõe peso. Fardo. Por que será que imaginamos que os outros carregam alguma coisa? Fardo está associado a culpa, castigo, carma... Imaginamos que os outros carregam. E nós, carregamos?

Acesse o blog do filme aqui.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Efeméride 22

"Eu fui criado pelas bibliotecas. Não acredito em faculdades ou universidades. Acredito em bibliotecas."
Ray Bradbury - Escritor norte-americano

É, né? Mais uma daquelas grandes verdades sobre nada.
Pensa, o cara é escritor. Não é médico. Não é engenheiro. Não é professor. (Será que ele ia querer que os filhos fossem educados por professores não formados?)
Pensa mais um pouco. Será que um bom tanto daqueles livros que estão nas preciosas bibliotecas, não foram escritos por pessoas que adquiriram seus conhecimentos nas faculdades e universidades?
Sempre essa implicância com universidades. “As universidades são más”. “Elas comem criancinhas”. “Diploma pra que?” (sempre dito por alguém que começou um curso, mas não conseguiu acabá-lo ou não conseguiu passar no vestibular).
Pior de tudo. Ele é escritor de ficção científica. Escreve sobre robôs, foguetes e quetais. Estas coisas, estes artefatos, este conhecimento está nas universidades.
Ah tá, você acha que se não houvesse universidades esse conhecimento existiria do mesmo jeito? Bom, pode ser. E estaria onde? Em algum outro tipo de instituição que seria o substituto das universidades. Apenas uma questão de nomenclatura.

E também é bom lembrar que uma grande parte das melhores bibliotecas do mundo está nas universidades.

De qualquer forma, eu gosto dos livros dele (só li dois até hoje - tem um terceiro na estante esperando a vez). Um grande autodidata pelo que dizem. Mas insisto: muitos dos livros que ele leu foram escritos por pessoas que estudaram em universidades.
Ah, eu também não acho que todo mundo tem que estudar em universidades e ter um curso superior. Mas isso já é outra conversa. Bem diferente dos discursos que ouvi por aí depois da queda da obrigatoriedade do diploma de jornalista.

Quer saber um pouco mais sobre Ray Bradbury, clica aqui.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Frenesi Polissilábico - Nick Hornby

"Qualquer pessoa que esteja fazendo uma oficina literária sabe que o segredo de um bom texto é enxugá-lo, retirar os excessos, peneirar, cortar, podar, aparar, remover tudo quanto é palavra supérflua, resumir, resumir. Em toda resenha sobre um escritor como, por exemplo, o sul-africano Coetzee, encontra-se a palavra 'econômica' ou 'econômico', usada de maneira elogiosa, ... Coetzee, obviamente, é um ótimo romancista, de forma que não considero nenhum pecado ressaltar que ele não é o escritor mais engraçado que existe. Na verdade, quando paramos para analisar, vemos que pouquíssimos romances na tradição Econômica são lá muito animadores. As piadas são praticamente extirpadas, de forma que, em um processo de adequação de registro na prosa, elas são as primeiras a saltarem fora. E, na peneiração, existe um lance que eu simplesmente não entendo. Por que sempre para (pára - ah, esse acordo ortográfico) quando o trabalho em questão foi reduzido a 60 ou 70 mil palavras? Será que esse é o tamanho mínimo para um romance publicável? Tenho certeza de que, com um pouco de esforço, daria para chegar até a 20 ou 30. Na verdade, por que parar em 20 ou 30? Por que escrever qualquer coisa? Por que não rabiscar o enredo e uns dois temas em um envelope e deixar tudo assim? A verdade é que na ficção ou na sua criação não há nada de muito utilitário, e acho que as pessoas ficam loucas para dar a impressão de que se trata de um trabalhão desgraçado, e que dão um duro danado, que é coisa de macho, pois, no fundo no fundo, trata-se de uma coisinha bem 'fresca'. A obsessão pela austeridade é uma tentativa de compensar, de fazer com que a literatura se pareça com um trabalho de verdade, tipo pegar na enxada ou derrubar árvores." págs. 76 e 77

Desculpem o exagero desta citação. Mas adoro está passagem.
É, eu ainda não terminei de ler o Frenesi Polissilábico, mas estou quase no fim. Bem além da página 77. Pra falar a verdade, bem além da 200.
Só vou discordar da parte em que ele diz que não há nada de muito utilitário na ficção. Claro que há. Lazer. E lazer é de uma utilidade enorme.

sábado, 22 de agosto de 2009

Muti, eu sou minha própria mulher

Eu sei que já fazem alguns bons dias desde que está peça foi encenada aqui na cidade. Mas fui adiando este post (ficou aqui num caderninho) e acho que não faz a menor diferença.
Quem é daqui e assistiu, assistiu. Quem não assistiu, dificilmente assistirá.
Então... bom, o texto fica como um incentivo pra pesquisar sobre a interessantíssima vida de Charlotte Von Mahlsdorf ou Lothar Berfelde.

Muti, eu sou minha própria mulher - Edwin Luisi
Ótimo. Transformações de um personagem a outro ali, bem em frente aos nossos olhos. Mais de 20 personagens. Todos tão bem escondidos dentro do ator, apenas esperando a hora de saltar para fora. E todos tão diferentes. Era possível perceber a diferença de um para outro, mesmo que saíssem do mesmo corpo (ou se apossassem do mesmo corpo, quem sabe?). Era possível ver a diferença no rosto, nos modos.
No começo, uma sensação de mornidão (não sei se da peça ou da minha irritação com o atraso de mais de 15 minutos. E não foi culpa do ator, mas daqueles que saem as 20h de casa para uma peça que inicia as 20h).
Tragicomédia. Você ri. Mas quase chora. Quando para (pára - reforma ortográfica) pra pensar na situação do personagem, não há como não comover-se. A piada na superfície. A vida na profundidade.
Uma história real, mas surreal. Eu me pergunto: como foi que Charlotte sobreviveu?
Ficou curioso para saber da história? Eu conto, porque dificilmente haverá outra oportunidade de você assistir a esta peça. Perdeu.
Charlotte é um travesti que sobreviveu a 2ª Guerra e à Alemanha Oriental. Você acha pouco? Lebre-se: ela era um travesti.
O texto conta a vida de Charlotte, ou melhor, a vida que Charlotte registrou em depoimentos a Doug Wright. E ele, felizmente transformou-os num roteiro. E mais felizmente ainda, Edwin Luisi, com direção de Herson Capri e Susana Garcia.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Quanta celeuma

Você é a favor ou contra os livros e leitores de livros digitais? Indiferente.
E adianta ser contra ou a favor? Se a mudança vier, qual será a diferença?
Eu leio pelo conteúdo, não pelo formato. Papel de verdade, uma tela de computador ou e-paper não me importa, se o conteúdo for interessante.
“Os livros em papel jamais deixarão de existir”. “Nada melhor do que um livro de papel que você lê em qualquer lugar”. Afirmações apaixonadas que podem não durar a passagem das gerações. Também gosto dos livros em papel. Mas já que se fala tanto em ecologia, abolir o uso do papel é até correto, né?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

...

Fotografia digital enviada por e-mail, foi uma adolescência que não tive.

A minha teve valores de salário.

Sempre dividi minhas horas com o patrão.

O patrão se adolescia na minha adultescência.

Adolescência prolongada foi inventada depois de mim.

Vivíamos uma época de cair do pé mais cedo.

Salário era o enfeite que nos cabia.
Era o adereço da moda.

Apenas para constar

Brazil: Lawsuits force popular political blog to close down

(em inglês)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Efeméride 21

"A literatura não muda o mundo. Minha geração queria mudá-lo. Era uma ilusão. Uma ilusão generosa, mas uma ilusão."
Moacyr Scliar - Escritor brasileiro

Tem razão o Scliar. A literatura não muda o mundo. As pessoas é que podem mudar o mundo. A literatura no máximo muda as pessoas. bla bla bli bla bla bla. Um festival de frases feitas. Mas ainda acredito mais na minha do que na dele.
Desilusão de velho? Será que o mundo não mudou mesmo? E por que tem que mudar?
De qualquer forma, por que se espera tanto da literatura? Por que se espera que ela mude o mundo? Ela não é Deus. Pra mim, é uma forma de lazer, de diversão, assim como a música, o teatro, a televisão e etceteras e tais.
Pensando bem... como os escritores são pretenciosos. Ao dizerem que a literatura muda o mundo, estão na verdade dizendo que eles, que produzem literatura, é que mudam o mundo. Vejam só. Lendo uma frase boba com mais cuidado, descobre-se uma pretensão escondida nela. Bom, por este ponto de vista o Scliar pode até ter razão... né não?

domingo, 16 de agosto de 2009

E por falar em política

Deixando um pouco de lado a literatura...As vezes acho que acabou a fase das revoluções burguesas. Os burgueses mobilizam os pobres como massa de manobra. E tudo acontecia de acordo com seus interesses.
Vejam o caso do Sarney: "
'Fora Sarney' reúne cerca de 500 pessoas na Paulista". 500 pessoas. Que multidão. Uma representatividade incrível.
Lula tem uma alto grau de aprovação entre as classes pobres. Se ele diz que acredita no Sarney, parece que está tudo bem. As classes mais pobres sabem o que está acontecendo com a vida delas. Sabem que a situação financeira melhorou. Já não são apenas massa de manobra. E sem a classe pobre, nada de revolução burguesa.
Revolução, somente se as classes pobres quiserem.
Lembram da abertura dos jogos Pan-Americanos? Alguns burgueses vaiando o Lula? E nos dias seguintes a constatação de que aquilo não representava o pensamento da maioria da população. Lula com aprovação cada vez maior nas pesquisas.
Não sou a favor do Sarney (acho que o seu tempo já passou). Estou apenas fazendo uma constatação, antes que me acusem de estar do lado dele. Vão dizer que o povo é burro, alienado e coisa e tal? Não sei não. Pode ser burro, mas sabe quando está na vantagem.
Em tudo isso, sei que sou um grande desconfiado. Quem está mentindo? Quem está jogando? Governo ou oposição? Os dois? Quem tem culpa no cartório? Quem não fez a sua maracutaia?


E eu jamais afirmaria que é o fim das "revoluções". Tão fácil morder a língua quando se faz esse tipo de afirmação. Mas este é um momento que dá o que pensar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Efeméride 20

"Não quero escrever livros que já estejam liquidados, acabados; que façam exatamente aquilo que os leitores esperam deles. Qual é o propósito de ler um livro bem comportado, que atende a todas as expectativas?"
Anne Enright - Escritora irlandesa

Alguém falou "por lazer"?
Não acho que todos os livros tenham que ser bem comportados e fáceis. Mas também não acho que todos tenham que ser do tipo "cabeça", herméticos, complicados, difícieis de ler, que nos façam pensar nas questões profundas da vida. É esse tipo de pensamento que afasta as pessoas dos livros. Dê para leitores iniciantes um Camus ou uma Clarice Lispector e veja qual será o índice de pessoas que continuará lendo ou que chegará até o final do livro.
Por que a leitura tem que ser uma experiência carregada com esse peso? Por que é pecado ler livros leves e divertidos?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O preço absoluto das coisas

Repercutindo o preço absolutos das coisas.
Estou colocando aqui a minha lista com os valores do coração que eu acho que os produtos valem.
Eu sei que tem coisas que tem o preço de custo mais alto do que o valor que está nesta lista. Mas... é o valor que eu acho que elas valem (hoje). Pago mais por elas apenas porque preciso ou quero muito.
A ideia é que isto seja uma brincadeira. Vi lá nos comentários do
Conector que tem gente que não entendeu. E pra qualquer engraçadinho que pergunte qual deveria ser o meu salário, aviso que mudando o salário, muda o valor que eu atribuo às coisas. Esses valores são para a minha percepção atual.
Ninguém nunca se pegou pensando "mas eu não pago tudo isso por essa coisa. Pra mim isso vale no máximo R$ ..." ou "Se custasse R$ ... eu até comprava". Então, a ideia é esta.
Se tivesse mais tempo acrescentava mais produtos ou mudava uns quantos. Mas, até para ter mais graça e um parâmetro de comparação, mantive quase os mesmos produtos da lista que o Gustavo Mini postou lá no Concetor.
Mini, desculpa aí pela apropriação, mas gostei da ideia e achei que valia a repercussão.


CD - 5 reais
DVD - 10 reais
Ipod 16Gb - 100 reais
Notebook bom - 1.000 reais
Computador de mesa bom - 800 reais.
Camiseta básica da Hering - 15 reais.
Um Palio completo (ar, direção hidráulica, trio elétrico) - 20.000 reais
Um blackberry - 300 reais
Um iPhone - 50 reais
Mp3 Player de camelô - 15 reais
Pen Drive 2GB - 10 reais
Pen Drive 4GB - 15 reais
Apartamentos de três quartos em geral - 100.000 reais
Apartamentos de um quarto em geral (com cozinha americana) - 30.000 reais
Carrão importado - preço máximo de 50 mil reais.
Uma consulta médica particular (qualquer) - 50 reais
Um bom jantar num restaurante fino - 30 reais por pessoa
Um jantar razoável num restaurante qualquer - 8 reais
Uma pizza BOA grande - 20 reais
Uma pizza RUIM grande - 5 reais
Uma água sem gás (500ml) - 50 centavos
Uma água com gás (500ml) -50 centavos (tem menos água devido ao gás)
Um ingresso de cinema - 8 reais (todos os horários, todas as idades)
Um ingresso pra filmes como Transformers - 4 reais
Um ingresso pra show do Queens of The Stone Age em Porto Alegre - 5 reais
Um pacote com seis pares de meias das BOAS - 12 reais
Um pacote com seis pares de meias que estragam rápido - 3 reais
Um saco de pipoca BOA - 50 centavos
Uma revista Veja - 1 real
Uma revista Época - 1 real
Uma revista Carta Capital - 1,5 reais
Uma revista Trip - 2 reais
Uma graphic novel - 5 reais
Um bom casacão pro inverno gaúcho - 100 reais
Um amplificador Fender valvulado: 0 reais
Assinatura do Net Combo - 40 reais (fixos - nada de promoção de 3 meses)
Assinatura do Net Combo com HBO - 50 reais (fixos - nada de promoção de 3 meses)
Passagem aérea Porto Alegre - São Paulo (Congonhas) - 100 reais ida e volta
Passagem aérea Porto Alegre - São Paulo (Guarulhos) - 80 reais ida e volta
Passagem aérea Porto Alegre - Florianópolis - 50 reais ida e volta
Cerveja 600 ml - 2 real
Latinha - 1 real
Uma calça Levi’s - 50 reais
Um livro bom e grosso - 25 reais
Um livro bom e fino - 15 reais
Um livro meia boca qualquer - 5 reais
Cachecol preto básico de lã - 10 reais
Tênis Adidas Originals - 30 reais
Havaianas basicona - 10 reais
Havaianas de estilista - 10 reais
Havaianas de cartunista - 10 reais
Havaianas com desenho fashion - 10 reais
Havaianas da Coca Cola - você recebe 500 reais pra usar um verão
Chá Twinnings - 5 reais uma caixa grande
Uma cola bastão Pritt - 50 centavos
Uma caneta bic - 70 centavos
Pedágio pra praia - 2 reais
Pedágio pro interior - 1 real
Download de 1 mp3 - 50 centavos
Dowload de 15 mp3 - 5 reais
Um HD externo de 500GB - 100 reais
Ingresso pra qualquer museu do país - 1 real
Uma cartela de Tylenon 750 com 8 comprimidos - 1 real
Um café expresso - 1 real
Água de Côco - 50 centavos
Biquínis legais - 20 reais
Bermuda de entrar no mar - 30 reais
Bermuda cargo boa - 50 reais