quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Efemérides

"O que valoriza um escritor é sua visão única do mundo e sua relação com a língua"
Salman Rushdie - escritor indiano

sábado, 17 de julho de 2010

É probido proibir

Um ótimo texto do Paulo SantAna. Vale a pena a leitura.


Severas proibições

17 de julho de 2010

É o tempo da proibição, estão proibindo tudo.
Noto que estão proibindo o sexo.
Primeiro, proibiram o sexo anal, por causa da aids.
Agora estão proibindo o sexo oral, causa câncer na boca.
E vão acabar proibindo o sexo manual.
Ora, vão se lixar! Proíbam logo o desejo.
*
Ah, áureos tempos aqueles em que eu fazia sexo três vezes por dia. Ah, esplendorosos tempos em que eu fazia tanto sexo, que por vezes era obrigado a fingir que tinha orgasmos.
Ah, belo tempo da grande demanda sexual, eu fazia sexo em casa à noite, sexo depois do Sala de Redação e finalmente sexo antes de ir para casa. Era bala e bala, um tiroteio.
*
Mas, se não me importo mais com a proibição do sexo por ter vencido meu prazo de validade, importo-me todavia com as outras proibições que me atingem: noto uma campanha na mídia para que não se coma massa nem arroz, ambos contêm imensa carga de carboidratos, fatais para o organismo.
Cá para nós, se não podemos comer arroz e massa, o que afinal iremos comer?
Então vamos comer carne? Mas há uma enxurrada de recomendações científicas para que não se coma carne vermelha.
De que cor querem que eu coma a carne, então? Azul?
*
Nem vou falar nos conselhos ou imposições para que a gente não fume. Já virou uma chatice o antitabagismo.
E também nos condicionam para não beber.
E os telespectadores, ouvintes, leitores, diariamente são aconselhados tanto a não consumir cocaína quanto ovo, que altera o colesterol.
A cocaína, lá sei eu o que altera.
*
Não se pode fumar maconha, cheirar cocaína, mas, por outro lado, o paciente é condicionado a não comer doces ou quaisquer outros alimentos que contenham açúcar.
O pobre do ouvinte fica atarantado. Esses dias, li um artigo que condena a ingestão de todas as espécies de biscoitos e bolachas.
Só não ouvi ainda conselho para não comer verduras e legumes. Prega-se que se deve comer verduras e legumes. Muita verdura, sempre verdura, proclamam os vegetarianistas.
Mas eu quero declarar veementemente que não sou coelho!
*
Proíbem-nos de fazer sexo e de comer a gordura da picanha. Mas, se não se pode comer a gordura da picanha nem a carne vermelha, não se pode comer a picanha em si. Como se irá imbecilmente evitar a gordura da picanha?
Quem sabe, nos permitam que comamos charque. Ah, charque não, porque está embutida nele alguma gordura.
Chegou-se ao cúmulo nos conselhos científicos de condenar-nos o consumo do sódio, isto é, do sal.
Mas, se nos proíbem todas as comidas, de que adianta nos proibirem o sal?
Sal, açúcar, ovos, doces, massas, arrozes, tudo proibido, de que acham esses metodologistas vamos nos alimentar?
Está impossível viver assim, eles vão acabar nos convencendo de que é agradável morrer.
De inanição.
Já notaram que essas campanhas proibicionistas têm um só objetivo, que é nos privar de todo e qualquer prazer?
Sádicos!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

wiki

a wikipedia em português (lusófona, para quem preferir) é um lixo. editores = censores. editores mal educados (podem não ser todos, mas há muitos - basta ver as discussões em alguns artigos, e nem é preciso procurar muito). tem até uma "panelinha" de editores.
alguns ofendem muito os usuários que também querem colaborar. e dizem: construam a sua história aqui para serem respeitados. mas atacam esses "novatos" levando-os a desistirem.
e qual a solução que eles propõe para a wikipedia em português melhorar? contribuam. escrevam. pra quê? pra eles apagarem os artigos?

talvez algum desses "editores" apareça por aqui e diga que não é bem assim. que realmente há alguns maus elementos, mas são poucos. que isso e que aquilo. mas, acabei de ler uma discussão entre editores e o nível é baixíssimo. não recomendável para ninguém. educação, lá, não existe. uma fogueira de vaidades.

fora isso, não consulto a wikipedia para mais nada, que já vi barbaridades suficientes por lá.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

retomando

vi umas fotos de moda urbana japonesa e fiquei morrendo de vontade de ler um livro do Haruki Murakami.
Mas como não tenho nada dele a mão, vou apelar pra uma ficção ciberpunk mesmo, que deve dar conta do recado.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Insatisfaction

Nós, sereshumanos, temos a mania de colocar nas outras pessoas e coisas, a insatisfação que não é deles, mas nossa.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Não contem com o fim do livro

Umberto Eco assina novo trabalho em parceria com o roteirista francês Jean-Claude Carrière

‘Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos’, diz Umberto Eco

Ensaísta e escritor italiano fala em entrevista exclusiva de seu novo trabalho, ‘Não Contem com o Fim do Livro’

MILÃO – O bom humor parece ser a principal característica do semiólogo, ensaísta e escritor italiano Umberto Eco. Se não, é a mais evidente. Ao pasmado visitante, boquiaberto diante de sua coleção de 30 mil volumes guardados em seu escritório/residência em Milão, ele tem duas respostas prontas quando é indagado se leu toda aquela vastidão de papel. “Não. Esses livros são apenas os que devo ler na semana que vem. Os que já li estão na universidade” – é a sua preferida. “Não li nenhum”, começa a segunda. “Se não, por que os guardaria?”

Leia o restante aqui.

domingo, 9 de maio de 2010

A Queda - Albert Camus

Um grande personagem. Um tipo noturno. Quase um vagabundo. Que faz de um bar, seu "escritório".
Um grande personagem, talvez, disperdiçado numa novela. Gostaria de vê-lo num diálogo, não apenas no monólogo a que se encontra preso. Sim, é um diálogo o texto do livro, mas ouvimos apenas uma das vozes.
É um tipo típico de botecos. Bêbado? Por que não? Daqueles que falam sem parar. Desfilam a própria vida impulsionados por umas doses a mais. Filosofia de botequim?
Não sou um profundo conhecedor do existencialismo. Mas em nossa época quem pode dizer que não conhece-o ao menos um pouco, mesmo que não saiba nomeá-lo. Somos influenciados por todas as filosofias que vieram antes de nós. E acredito, mais ainda pelas recentes. Filhos da época.
"A Queda" é incômodo. O personagem é incômodo. Mas muitas vezes o texto torna-se chato. Ele vibra, anda, nos impulsiona para a próxima página e de repente, empaca.
Intervalos de fluidez e marasmo.
Muitos trechos nos fazem pensar. O personagem, Clamance, tenta nos enganar ou induzir nosso pensamento. Consegue? Quem saberá... Depende de quanto você ruminar suas palavras. De quanto elas lhe tocarem.
Ele não acredita na humanidade, ao menos não nos seus aspectos positivos.
Você vai se identificar com ele, ao menos em alguns momentos. E esse é um dos incômodos. Você não quer ser ele.
Mas o incômodo será maior ou menor de acordo com o que você espera do ser humano. Se você acha que nascemos para a perfeição e idealiza tipos, tem heróis, cuidado. A queda será maior. Ao contrário, se você aceita a imperfeição, muito provavelmente achará Clamance um ingênuo ou prepotente. E aqui, para mim, está a grande sacada de Camus: a ironia. Fina e quase imperceptível para quem não estiver atento.
Meu primeiro Camus. Muito cedo ainda para saber se haverá um próximo. Mas não está descartado.

Leia mais aqui e aqui.
Ah, tem em edição de bolso pelo selo BestBolso da editora Record.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Desgraças da vida moderna

Apesar de já existirem tratamentos para diversas moléstias e algumas delas já terem sido, inclusive, erradicadas, algumas não dão sinais de esmorecerem. Cito aqui duas pragas que causam sérios prejuízos à saúde humana: palestras de motivação e cartórios.

Palestras de motivação: um macaco feliz repetindo o óbvio mais que ululante para uma plateia bocejante. A plateia entediada imaginando que aquele macaco saltitante recebeu uma bolada do dono da empresa. A mesma plateia imaginando que se sentiria bem mais motivada se a tal bolada fosse dividida entre a audiência.

Cartórios: o inferno na terra. Você paga pra ser mal atendido. Você paga e eles reoubam horas da sua vida. Você paga e ainda tem que ficar quieto. Cartórios, resquicio da época feudal que ainda sobrevive nos tempos da república.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A queda - Albert Camus

"Talvez não amemos a vida o bastante. Já reparou que só a morte desperta nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?! Como admiramos nossos mestres que já não falam mais, que estão com a boca cheia de terra! A homenagem vem, então, muito naturalmente, essa homenagem que talvez tivessem esperado de nós a vida inteira. Mas sabe por que somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Em relação a eles, já não há obrigações. Deixam-nos livres, podemos dispor de nosso tempo, encaixar a homenagem entre o coquetel e uma doce amante: em resumo, nas horas vagas. Se nos impusessem algo, seria a memória, e nós temos a memória curta. Não, é o morto recente que nós amamos em nossos amigos, o morto doloroso, nossa emoção, enfim, nós mesmos!" (pág. 27)

sábado, 17 de abril de 2010

As crônicas marcianas - Ray Bradbury

Ainda. É daqueles livros que, mesmo passados alguns dias do fim da leitura, ficamos lembrando. Sentindo um pertencimento/cumplicidade com os personagens.
E é interessante perceber que não há um grande personagem. O livro é composto de pequenos contos. Independentes. Mas que se complementam. Podem ser lidos avulsos. Mas juntos compõem uma bela história. Um romance.