sexta-feira, 30 de abril de 2010

Desgraças da vida moderna

Apesar de já existirem tratamentos para diversas moléstias e algumas delas já terem sido, inclusive, erradicadas, algumas não dão sinais de esmorecerem. Cito aqui duas pragas que causam sérios prejuízos à saúde humana: palestras de motivação e cartórios.

Palestras de motivação: um macaco feliz repetindo o óbvio mais que ululante para uma plateia bocejante. A plateia entediada imaginando que aquele macaco saltitante recebeu uma bolada do dono da empresa. A mesma plateia imaginando que se sentiria bem mais motivada se a tal bolada fosse dividida entre a audiência.

Cartórios: o inferno na terra. Você paga pra ser mal atendido. Você paga e eles reoubam horas da sua vida. Você paga e ainda tem que ficar quieto. Cartórios, resquicio da época feudal que ainda sobrevive nos tempos da república.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A queda - Albert Camus

"Talvez não amemos a vida o bastante. Já reparou que só a morte desperta nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?! Como admiramos nossos mestres que já não falam mais, que estão com a boca cheia de terra! A homenagem vem, então, muito naturalmente, essa homenagem que talvez tivessem esperado de nós a vida inteira. Mas sabe por que somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Em relação a eles, já não há obrigações. Deixam-nos livres, podemos dispor de nosso tempo, encaixar a homenagem entre o coquetel e uma doce amante: em resumo, nas horas vagas. Se nos impusessem algo, seria a memória, e nós temos a memória curta. Não, é o morto recente que nós amamos em nossos amigos, o morto doloroso, nossa emoção, enfim, nós mesmos!" (pág. 27)

sábado, 17 de abril de 2010

As crônicas marcianas - Ray Bradbury

Ainda. É daqueles livros que, mesmo passados alguns dias do fim da leitura, ficamos lembrando. Sentindo um pertencimento/cumplicidade com os personagens.
E é interessante perceber que não há um grande personagem. O livro é composto de pequenos contos. Independentes. Mas que se complementam. Podem ser lidos avulsos. Mas juntos compõem uma bela história. Um romance.

As crônicas marcianas - Ray Bradbury

Não tenho muita vontade de escrever sobre. A vontade é de pensá-lo, sentí-lo. Há neste livro, alguma coisa que toca profundamente. Algo que conversa comigo num outro nível. Uma história que parece simples, e é, mas que nos desmonta (como blocos de lego) nos pequenos detalhes, nas pequenas singelezas cotidianas, nos hábitos mais sórdidos e "inocentes" do dia-a-dia humano.
A história toda é de uma solidão imensa. De um desamparo absurdo. Um misto de felicidade por estar só, com um medo do eterno abandono.
Você não está mais aqui na Terra. Você está em Marte. A viagem é longa e sem garantia. Não sabe se poderá voltar. E, quem sabe, talvez não tenha para onde voltar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Reproduzindo...

Estudo tenta decifrar nosso gosto pela ficção
Folha de S. Paulo - 12/04/2010 - Por Patricia Cohen
Professores de inglês e estudantes de pós-graduação se dizem convencidos não só de que a ciência oferece "insights" inesperados sobre textos individuais, como que ela pode ajudar a responder perguntas sobre a própria existência da literatura: Por que lemos obras de ficção? A que se deve nosso interesse por personagens inexistentes? Jonathan Gottschall, que já escreveu sobre o uso da teoria evolutiva para explicar a ficção, identifica "um novo momento de esperança" em uma era em que todos falam sobre "a morte das humanidades". Para ele, a abordagem científica pode resgatar os departamentos de literatura das universidades do mal-estar que os vem acometendo nos últimos 15 anos. Chegar às origens do fascínio das pessoas pela ficção e a fantasia é, segundo ele, "mapear o país das maravilhas". Os romances de Jane Austen frequentemente são construídos em torno de interpretações equivocadas. Em Emma, a heroína supõe que as atenções do sr. Elton assinalam um interesse romântico por sua amiga Harriet, quando, na realidade, ele quer se casar com a própria Emma. Ela também erra ao interpretar os comportamentos de Frank Churchill e do sr. Knightly, confundindo-se quanto aos verdadeiros objetos de seus afetos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Celebrando a vida...

...no que ela tem de mais simples, belo e prazeroso.
(por favor, cliquem no vídeo para que ele abra em outra janela porque o blogger não está colaborando comigo).


Censura de e-books

Eu até que era simpático aos e-books e leitores de e-book. Mas em virtude de notícias que ando lendo, começo a ficar desconfiado de todo esse "politicamente correto" - melhor dizer "censura".
Quem é a Apple pra censurar livros? Daqui a pouco eles vão excluir clássicos da lista de livros vendáveis por conterem "obsenidades". Melhor, daqui a pouco eles não terão mais livros para vender, porque de acordo com o significado da palavra "obsenidade" para eles, não vai sobrar livro algum.

Apple iBooks Censors 'Sperm'?

Só pra constar: a palvra censurada em questão, está na sinopse de "Moby Dick", de Herman Melville.
Só não entendo como deixaram passar o título do livro.

domingo, 4 de abril de 2010

Os famosos e os duendes da morte

Assisti, sábado, ao filme "Os famosos e os duendes da morte", dirigido por Esmir Filho e baseado no livro de Ismael Canepelle.
Para mim fica difícil comentá-lo em virtude da minha proximidade com o mesmo. O problema não é conhecer as pessoas que o realizaram, mas sim saber demais sobre a produção. Então, desta vez não tem resenha.

Mas eu recomendo. Assistam e tirem suas próprias conclusões. Depois deixem suas impressões aqui nos comentários.

Ah, a fotografia é linda. A trilha sonora ótima. A história emociona. E paro por aqui.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A mulher invisível

Mais um da série: filmes que assisti há um tempo atrás, escrevi no bloquinho e só agora resolvi digitar.

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Um jogo que vagamente lembra o do filme "Revolver". Está tudo na sua cabeça.
Um bom filme brasileiro. Divertido e inteligente. Cria um clima de suspense que quase nos leva a loucura à espera do desfecho. E quando pensamos que chegou... ainda há mais.
Ótimas interpretações. Ótimo roteiro. Diversão garantida.
Desde que vi o trailler, esperava um bom filme. Mas foi muito melhor.
Mas lembre-se: é uma ótima diversão. e ponto.
Agora, procurando imagens para este post, lembrei de mais uma coisa. O sempre velho e bom conselho: cuidado, as paredes tem ouvidos.