segunda-feira, 27 de julho de 2009

Frenesi Polissilábico - Nick Hornby

"Dois meses atrás, fiquei deprimido ao me dar conta de que havia me esquecido de praticamente tudo que li na vida. Só que já dei a volta por cima. Estou agora animado pelo seguinte: já que esqueci tudo que li, então posso ler novamente alguns dos meus livros preferidos como se fosse pela primeira vez. (...) Estou começando a ver que nosso apetite por livros é igual ao nosso apetite por comida, que nosso cérebro nos diz quando precisamos do equivalente literário a saladas, ou carne e batatas." págs. 49 e 50

Também penso em todos os livros que li e que não lembro. Mas em geral isso não me deprime. Sei bem que lembro dos mais importantes, dos que mais marcaram e é desses que quero lembrar.
Quando dei-me conta dos esquecimentos, também dei-me conta das lembranças. E estas eram só de livros que considerei muito bons. Memória seletiva.
E quando alguém fala das histórias dos outros (os esquecidos), aos poucos vou me lembrando. Não é um esquecimento derradeiro (só se o livro for ruim demais). É mais como colocar numa caixa mais profunda. Num canto mais escondido do depósito. Está lá. Mas precisamos revirar um pouco para encontrar.

sábado, 25 de julho de 2009

Efeméride 19

"Escrevo livros para quem não gosta de ler."
Max Lucado, autor com 65 milhões de livros vendidos em turnê pelo Brasil

A sinceridade bate a sua porta.
Não posso emitir opinião sobre os livros dele. Não li nenhum. Mas a frase soa interessante.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O que você lê?

Leio de tudo. E você?
Livros. Jornais. Revistas. Zines (espécime em extinção – cada vez mais raro). Quadrinhos. Legendas. Anúncios. Placas. Bulas de remédio.
Leio blogs. Portais de internet. Sites. Twitter. MSN e quetais.
Leio romances. Teorias. Poesia. Classificados. Notícias. Bilhetes. Artigos científicos. Horóscopo já faz tempo que não leio. Mas já li.
Contos policiais. Biografias. Dicionários. Literatura infantil. Infanto-juvenil (porque ainda sou um tanto criança e adolescente e outro tanto adulto).
Leio política. Economia. Variedades. Cultura e esportes.
Livros chatos e bons. Livros ótimos.
Nisso tudo, me leio. Leio o mundo.
Ao ler tenho meus momentos. Meus de “eu comigo mesmo”. A leitura é um ato solitário acompanhado.

domingo, 19 de julho de 2009

Para tudo

“E, na peneiração, existe um lance que eu simplesmente não entendo. Por que sempre para quando o trabalho em questão foi reduzido a 60 ou 70 mil palavras?” – Frenesi Polissilábico – Nick Hornby – pág. 77

Eu não era a favor do acordo ortográfico da língua portuguesa. Mas, já que foi aprovado, vamos lá. Tratei de aceitá-lo e aos pouco incorporá-lo ao meu dia-a-dia. Continuo achando que as ideias ficaram menos luminosas, mas que jeito. De qualquer forma, esse acordo não unifica nada. Os portugueses vão continuar chamando de frigorífico o que nós brasileiros nomeamos de geladeira.
Já estou me acostumando às mudanças. Mas hoje, pela primeira vez, deparei-me com um “para”. Que susto. Desaprendi a ler? Repeti a frase três vezes até me dar conta de que não era um erro. Era um acento caído que fazia falta. E como faz falta.
Acho que “para” vai ser uma das maiores dificuldades. “Para tudo, dá-se um jeito” ou “para tudo dá-se um jeito”? As vírgulas vão ganhar importância. Vão ser o acento caído. Se bem que... olhando de perto, aquilo ali não é uma vírgula. Olhe bem, é um acento agudo se escondendo no meio da frase.



Quem sabe poderíamos adotar o stop?

sábado, 18 de julho de 2009

O preço do livro

"Editoras temem o poder da Amazon
Valor Econômico - 10/07/2009 - Por J.Galante e G.Bensinger, Bloomberg

O Kindle, da Amazon.com, que acelerou a compra de livros eletrônicos, poderá reduzir os lucros das editoras se a varejista pela internet jogar mais duro nas negociações sobre os preços pagos pelos títulos digitais. As editoras nos EUA normalmente ganham cerca de US$ 2,15 por livro digital, contra US$ 0,26 por um exemplar impresso, segundo a Sanford C. Bernstein. Por um lado, as editoras veem os livros digitais como o futuro, mas, por outro, o mercado é dominado pelo Kindle, o que as deixa vulneráveis ao poder de negociação da Amazon.com. "Não queremos ficar em uma posição em que só podemos vender o nosso livro em um lugar", disse Maja Thomas, vice-presidente-sênior de mídia digital da Hachette Book Group, divisão da francesa Lagardère, sediada em Nova York. 'Queremos o que as editoras querem e o que todo autor quer, que é a ubiquidade.'"


Sério isso? Nos EUA as editoras ganham, apenas US$ 0,26 por livro impresso? Hummmmm... sei lá.

No Brasil a cadeia produtiva do livro está isenta de impostos. Em troca da isenção (como parte do acordo), as editoras deveriam ter criado (voluntariamente) um fundo de incentivo à leitura - mas já se passaram alguns anos e não o fizeram. Agora o governo quer tornar compulsória a contribuição para esse fundo e os livreiros esperneiam de novo.

As editoras vivem reclamando que vendem pouco, que o brasileiro não lê... Mas os livros, mesmo depois da desoneração fiscal não baixaram de preço e continuam caros. Caríssimos.

As editoras brasileiras pretendem que seja criada a lei do "preço fixo" do livro. Em resumo: elas querem fixar um preço e ninguém (nenhuma livraria, supermercado ou qualquer outro ponto-de-venda) pode vender por menos. Ninguém poderá dar desconto. Elas não querem concorrência. Não querem livre mercado. E pior, elas é que fixam o preço.

Há alguns anos atrás (quando trabalhava no ramo editorial), me disseram que para calcular o preço de venda de um livro, multiplicava-se o preço de custo por sete. Por SETE.

Vinte e seis centavos de dólar... Isso dá o que pensar. Por que será que no Brasil compra-se tão poucos livros???


Tudo bem, eu acho que há um erro nessa informação, mas mesmo os US$ 2,15 dão o que pensar. Também acho que a multiplicação por sete já foi abandonada há algum tempo. Dá última vez que ouvi algo a respeito, parece que estavam multiplicando por cinco.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Efeméride 18

"Eu sou o mais regionalista dos escritores. E quanto mais regionalista um texto, mais universal ele é."
Milton Hatoum - Escritor brasileiro

Eu tenho medo de afirmações tão convictas. Convicções. E há mais de uma nesta simples frase. É um poder. Uma certeza. Isso me deixa abismado. Como alguém pode ter tanta certeza? Eu, nem da minha existência consigo me convencer.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Mais vinho

Complementando o posto sobre vinhos baratos, um vídeo para vossa degustação.

Vinhos baratos

Devemos admitir que tomamos vinhos baratos? Não dos mais ou menos, falo dos baratos mesmo. Desses de R$ 5,00 a R$ 10,00 a garrafa. Li agora a pouco que devemos tomar vinho “porque é mais europeu, mesmo que seja um vinho barato, mas tomar na jarra pra não mostrar o rótulo”. Sério? Nunca li tamanha bobagem.
Vinhos caros são bons, ao menos na maior parte das vezes. Mas “vinhos de grife” custam muito caro: R$ 200,00 para cima, pelo que li. O que fazer se não é possível degustar desse “prazer”? Tomar vinho uma vez ao ano e daí aproveitar para comprar um desses “caros”? Colocar o vinho barato numa jarra e fingir que é francês? Ou mandar os enochatos pro espaço e degustar o vinho que estiver ao seu alcance? Bom, eu fico com a última opção.
Tenho lá meus vinhos melhorzinhos. Mas pro dia-a-dia encaro uns mais simples. E é sempre uma experiência interessante. A aventura de degustar vinhos baratos. Sim, tem aqueles que são ruinzinhos. Os mais ou menos. Mas também há gratas surpresas.
Sei que qualquer conhecedor vai dizer que isso é uma loucura, um disparate. Mas seria interessante ver avaliações de vinhos baratos. Se alguém quiser contribuir, utilize os comentários para entrar em contato.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Frenesi Polissilábico - Nick Hornby

“Dos dez livros que comprei este mês, li 55 por cento, ou seja, cinco livros e meio. Dois dos que não li, entretanto, são volumes de poesia e, na minha opinião, livros de poesia funcionam mais como obras de referência: vão direto para a estante e não para a cabeceira, para serem consultados uma vez ou outra. (E, antes que algum poeta ofendido tenha um ataque, gostaria de ressaltar que sou uma das 73 pessoas no mundo que compram poesia.) pág. 27

É, eu já fui uma dessas 73 pessoas. E estou pensando em reassumir meu lugar neste grupo.

domingo, 12 de julho de 2009

Os livros

Eu não desisto de um livro. Bom ou ruim. Insisto até o fim. Não importa se é uma travessia prazerosa ou uma batalha. Claro que no primeiro caso não quero que acabe (e a magia do autor está justamente em saber parar). Já no segundo, fico na torcida, conto as páginas, literalmente “rolo na cama” como numa noite de insônia. Mas por que?
Assim como livros que iniciam bem e depois descambam ou me decepcionam (Amsterdam, de Ian McEwan é um caso de que me lembro), tenho sempre a esperança de que o autor vai conseguir me surpreender ali na esquina, ao virar a próxima página (Senhora, de José de Alencar, é um exemplo – e aposto que alguns pensaram que não teria nenhum para citar). Sim, eu sei que na maioria das vezes não há salvação. Mas e se houver? Se a surpresa estiver ali nas últimas páginas? Eu quero estar presente.

Ainda não apareceu nenhum livro que ganhou a batalha. Nem sempre venci por nocaute. Já tive vitórias sofridas, por pontos. Mas estou invicto.

Às vezes acho que todo livro vale a pena. Amsterdam ganhou o Booker Prize. Alguém gosta ou gostou dele. Talvez não seja meu estilo de literatura. Talvez não fosse o momento certo. Por isso sempre dou uma chance.

“Eu tinha lido algo sobre Moneyball em algum lugar; o livro foi altamente recomendado pelos atendentes da Book Soup, e quando, finalmente, No Name caiu derrotado e sem vida a meus pés, virei-me para o livro de Lewis: pareceu mais adequado.” pág. 46


Ao ler este trecho de Frenessi Polissilábico, de Nick Hornby, fiquei com vontade de escrever este texto. E agora, enquanto o copiava, pensei em mais um outro comentário que ele também permite. Mas fica para o próximo post.

sábado, 11 de julho de 2009

Frenesi Polissilábico – Nick Hornby


“Só que, em primeiro lugar, vamos estabelecer algumas regras básicas:

1) Não quero receber nenhuma carta ou e-mail de ninguém dizendo que eu gasto muito dinheiro em livros, muitos dos quais jamais lerei. Disso eu já sei, não é novidade. Certamente , pretendo lê-los todos, mais ou menos. Minhas intenções são boas. Ah, e depois também o dinheiro é meu. E aposto como você faz a mesma coisa.” pág. 22

Não é que ele está certo? Como sabe que faço a mesma coisa?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Muita música

Palavreio - Leandro Maia

Muito. Demais.
Um bom show de música. E o que faz com que seja bom, mas não ótimo? Esse "demais".
Ótimos músicos. Muitos deles. Uma coleção de gente que entende do assunto. Marcelo Delacroix. Marcelo Corsetti. Andrea Cavalheiro. Mimo Ferreira. Pedrinho Figueiredo. Lucio Dorfman. Sei lá quem mais. Nem lembro. Uma concepção interessantíssima, que mistura texto, poesia e música. Um som exuberante. Leandro Maia com uma voz e interpretações perfeitas.
Mas aí que está o problema (acho). É tudo bom "demais". Alguma coisa desaparece. Falta. O que? Talvez um pouco mais de sentimento. A emoção que transborda de Leandro, falta nos outros. Vê-se que ele está encantado com o palco. Com o show. Com o "seu" momento. Mas alguns ali, não estão. Literalmente, não estão na apresentação. Podem estar em qualquer outro lugar, mas não ali.
Estrelas demais. Não sei o que é. Quero explicar mas não consigo. É muito lindo, mas não é. Falta. Falta por que sobra?
Os músicos competem com Leandro?
Não quero afirmar. Não posso afirmar. Quero entender. Sim é muito lindo. Muito audível. Mas essa falta me incomoda.
Mas é bom. É muito bom. E minha queixa é por saber que falta só um risco pra alguma coisa a mais acontecer. Por saber que dali pode sair um arrebatamento. Um encantamento de levitação. Daqueles que tira a alma do chão.


Pena que não surgiu um coro pedindo um bis. (eu queria.)
Como se sente um músico quando não pedem bis? (sei que alguns acham uma falta de educação "pedir bis". Mas no país do bis qual o sentimento? Qual?)


Não deixem de ir. Talvez fosse o meu momento que não permitiu o salto.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Um pouco de história

A primeira usina nuclear do mundo. Na Rússia.
Sempre vale a pena saber um pouco mais sobre o mundo que nos cerca. Achei impressionantes as imagens dos controles da usina que entrou em funcionamento em 1954.
Sua finalidade era pacífica: produzir energia elétrica para zonas rurais da antiga União Soviética.
Veja mais imagens aqui.

domingo, 5 de julho de 2009

Amsterdam - Ian Mc Ewan

Um livro morno. E só.
Começa bem. Anda bem. Com destaque para os momentos em que Clive está compondo uma sinfonia. Mas o final... Ah, o final. Fiquei com uma impressão de precipitação, de “falta alguma coisa aqui”.
Este livro ganho o Booker Prize, assim como “O deus das pequenas coisas”, de Arundhati Roy (ótimo livro). Foram os dois únicos títulos que lembro de ter lido da lista dos vencedores deste prêmio. Mas quanta diferença entre um e outro.
Sei que deveria escrever mais sobre Amsterdam. Sei que esta não é uma resenha nem sequer razoável. Aliás, não chega a ser uma resenha. Mas o livro não me empolgou. Não criou a faísca que desencadeou um texto.
Me animei apenas com algumas passagens do início, mas a cada página que avançava me decepcionava mais. Sem sabor e modorrento, como um copo de água morna.


E agora, procurando a imagem da capa do livro para colocar aqui, descobri que a capa da edição brasileira também é um desastre. Há capas de outras edições muito melhores (para o meu gosto) e muito mais condizentes com o clima da história.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

E pode?

"Batalha das meninas
Folha de S. Paulo - 02/07/2009 - Por Mônica Bergamo

A escritora Lygia Fagundes Telles deve processar Maitê Proença, que deu o nome de um de seus livros, As meninas, para uma peça que estreia nesta sexta-feira no Rio de Janeiro. A atriz havia dito que mudaria o título porque "a Lygia ficou triste" com a duplicidade, mas depois voltou atrás. Lygia está consultando o jurista Ives Gandra Martins sobre o caso, comenta Mônica Bergamo."

Será? Ninguém mais poderá chamar uma peça de "As meninas" porque existe um livro com este nome? Essa história de direito autoral, copyright e assemelhados é um verdadeiro pé-no-saco.
"As meninas" é um título tão comum, tão coitado, e ainda por cima querem procesar alguém por usá-lo. Um é livro. O outro é teatro.
Se não me engano, existe um limitação para esse tipo de processo. No INPI, registro de marcas e patentes, termos muito comuns não são registráveis (ao menos não se obtem a exclusividade de uso).
Lygia despencando no meu conceito. Em geral, considero isso como um sinal claro de estagnação.

Sobre este assunto, vale a pena procurar algum texto sbre a cultura do "free". Um assunto que tem repercutido muito nos últimos dias.


Edit: Felizmente ela já desistiu. Leia aqui.