"A generosa luminosidade da manhã vai lavando todos os cantos do mundo, sem cobrar nada. Duas jovens irmãs estão juntas, deitadas numa cama pequena, domirndo serenamente. Exceto nós, ninguém mais sabe disso." pág. 200
Um bom livro.
Ótimo no começo. Uma ideia ótima. Uma narrativa que se passa em uma única noite. Cada capítulo com um relógio indicando as horas da madrugada.
Várias histórias que, de alguma forma, se entrelaçam sem que os envolvidos sequer saibam do entrelaçamento.
Duas irmãs. Duas irmãs na escuridão. Separadas por nada, mas com um abismo entre elas. Duas irmãs, como duas partículas que precisam se encontrar pra gerar luz.
Uma histórinha de amor. Quase imperceptível, porque deve ser à moda do Japão.
Sim. É uma história japonesa. Uma história de Tóquio. Anos-luz a nossa frente, mas nossa contemporânea. Acontece hoje, mas poderia ser no futuro. Para mim Tóquio é simplesmente um futuro de ficção científica.
Adoro histórias contadas por escritores de outros países. A cultura, os costumes do país escapam nas entrelinhas (e as vezes nas próprias linhas).
É uma história de solidão. Por isso uma história noturna. Várias solidões perambulando pela madrugada.
Máfia chinesa (no Japão). Prostituição. Jazz. Cultura pop (até que nem tanto). Sonhos. Segredos. E o livro me dá certeza de uma desconfiança: os japoneses são reservados.
Destaque especial para a trilha sonora. Sim, um livro com trilha sonora. Muito jazz e algumas otras cositas. Para ambientar-me, saí a cata das músicas citadas, e elas ajudaram muito na composição da atmosfera dos ambientes pelos quais a personagem principal passa.
Uma história de introspecção. Tamanha que nós leitores mal vislumbramos um pouco abaixo da superfície.
E o que rebaixa o ótimo do início para "um bom livro"? Tudo corre bem até 3/4 do livro. E de repente nos damos conta de que alguma coisa falta. Há um desfecho. Mas como acontece em outros livros que li recentemente, ele vem muito rápido. Muito... (ia dizer superficial, mas o livro não é raso - apenas nos dá a opção de não mergulhar). Muito... exatemente isso. Muito de me deixar sem uma palavra que o defina. Um vazio. Dentro das classificações literárias diria que se trata de um romance que transveste-se de conto.
Após o anoitecer, poderia ser classificado com um livro que expressa o mal estar da pós-modernidade. Da massa e da individualidade. De perder-se no meio do todo. De ser alguém, mas não ser ninguém. De ser engolido pela metrópole. De ser um rosto perdido na multidão, mesmo na madrugada. De ser um homem sem rosto.
Ainda agora eu descubro nuances perdidas na história. Mensagens cifradas. Senhas escondidas. Brinquedos de montar espalhados pelo cenário.
Ainda agora eu penso em dizer que o livro é ótimo. E que este ótimo está escondido no pós. Não no durante.
Aqui, uma resenha muito mais complexa que a minha. Vale a pena.
Alfaguara (selo da editora Objetiva) - 208 págs. - R$ 39,90 (mas se encontra por bem menos na internet)
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
domingo, 27 de setembro de 2009
Após o anoitecer - Haruki Murakami
"- Fico pensando... Será que as lembranças não seriam o combustível de que os homens precisam para viver? Se essas lembranças são ou não realmente importantes para a manutenção da vida, não vem ao caso. Elas podem ser apenas um combustível. Seja uma propaganda de jornal, um livro filosófico, uma foto pornográfica ou um maço de notas de dez mil ienes, tudo isso não passa de papel na hora de queimar, não é mesmo? O fogo não queima tudo questionando 'Nossa! Isto é Kant' ou 'Isto é a edição vespertina do Yomiuri' ou 'Puxa! Que peitos!', concorda? Para o fogo, tudo não passa de papel. É a mesma coisa com a memória. As lembranças importantes, as mais ou menos importantes, ou até as que não têm importância nenhuma, tudo, indiscriminadamente, é apenas matéria de combustão." pág. 173
e/ou
"Dinheiro
(Arnaldo Antunes)
Dinheiro é um pedaço de papel
O céu é um
O céu na foto é um pedaço de papel,
Pega fogo fácil
Depois de queimar dinheiro vai pro céu
Como fumaça
Também é fácil rasgar
Como as cartas e fotografias
Aí não se usa mais
Porque dinheiro é um pedaço de papel
Um pedaço de papel é um dinheiro
Dinheiro é um pedaço de papel
Pode até remendar com durex
Mas não é todo mundo que aceita
O que não se quer melhor não comprar
O que não se quer mais
Melhor jogar fora do que guardar em casa
Dinheiro tem valor quando se gasta
Um pedaço de papel é um pedaço de papel
Dinheiro não se leva para o céu"
né não? Também acho. Especialmente com relação ao dinheiro. Apenas uma convenção. Um pedaço de papel como qualquer outro se não fosse a nossa imaginação.
E com relação às lembranças... não havia pensando dessa forma ainda, mas Murakami tem lá seu bocado de razão. Combustível, fôlego, oxigênio, biblioteca... sim. Algo necessário ao presentefuturo.
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009
...
ser adulto é forçar amizades
obrigação da visita de domingo
um incomodo consentido
forçar uma amizade vencida de infância
esticar uma validade mofada
intoxicar de vazios o nada
estragar a lembrança do gosto
obrigação da visita de domingo
um incomodo consentido
forçar uma amizade vencida de infância
esticar uma validade mofada
intoxicar de vazios o nada
estragar a lembrança do gosto
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quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Por onde ando...
Se alguém lê isto aqui, não pense que abandonei o blog. Estou tendo uma semana cheia, mas já já posto novos textos.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Efeméride 25
"Para diminuir um escritor, o costume é avisar que suas frases são publicitárias. Publicitário não é insulto."
"Quem não deixa o fundo é tão superficial quanto quem não abandona o raso. Um morre afogado; o segundo, asfixiado. Comunicar faz a densidade."
Carpinejar
Efeméride em dose dupla. Pra preencher o espaço vazio que um trabalho extra está provocando nas minhas palavras.
Mas que maravilha estas acertivas. Resta apenas concordar. Sem gênero. Sem número. Sem grau.
"Quem não deixa o fundo é tão superficial quanto quem não abandona o raso. Um morre afogado; o segundo, asfixiado. Comunicar faz a densidade."
Carpinejar
Efeméride em dose dupla. Pra preencher o espaço vazio que um trabalho extra está provocando nas minhas palavras.
Mas que maravilha estas acertivas. Resta apenas concordar. Sem gênero. Sem número. Sem grau.
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sábado, 19 de setembro de 2009
Após o anoitecer - Haruki Murakami
"- E, quando você começa a pensar assim, passa a ver as coisas de modo diferente. Para mim, o próprio sistema judiciário transformou-se num ser vivo especial e anômalo.
- Um ser vivo anômalo?
- É como se fosse um polvo. Um polvo gigante que mora nas profundezas do mar. Um polvo com uma força vital poderosa e com inúmeros e enormes tentáculos que serpenteiam pelo mar escuro. Enquanto assistia aos julgamentos, era inevitável fazer esse tipo de associação. Essa criatura pdoe assumir várias. Pode tomar a forma de uam 'Nação' ou de 'Leis'. Há casos em que pode assumir formas ainda mais complexas e inconvenientes. Você pode cortar, cortar e cortar seus tentáculos, mas não adianta, rapidamente eles nascem de novo. Ninguém pode matá-la. Ela é forte e mora num local muito profundo. Não sabemos nem onde fica seu coração. O que senti naquela hora foi um profundo medo. Também me senti desesperado, só de pensar na impossibilidade de fugir para nem longe dela. Essa coisa não está nem aí para você ou para mim. Quando estão diante dela, as pessoas perdem a identidade e o rosto. Todos nós passamos a ser um código. A ser apenas um número." págs. 101 e 102
Um dos bons trechos do livro.
- Um ser vivo anômalo?
- É como se fosse um polvo. Um polvo gigante que mora nas profundezas do mar. Um polvo com uma força vital poderosa e com inúmeros e enormes tentáculos que serpenteiam pelo mar escuro. Enquanto assistia aos julgamentos, era inevitável fazer esse tipo de associação. Essa criatura pdoe assumir várias. Pode tomar a forma de uam 'Nação' ou de 'Leis'. Há casos em que pode assumir formas ainda mais complexas e inconvenientes. Você pode cortar, cortar e cortar seus tentáculos, mas não adianta, rapidamente eles nascem de novo. Ninguém pode matá-la. Ela é forte e mora num local muito profundo. Não sabemos nem onde fica seu coração. O que senti naquela hora foi um profundo medo. Também me senti desesperado, só de pensar na impossibilidade de fugir para nem longe dela. Essa coisa não está nem aí para você ou para mim. Quando estão diante dela, as pessoas perdem a identidade e o rosto. Todos nós passamos a ser um código. A ser apenas um número." págs. 101 e 102
Um dos bons trechos do livro.
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quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Após o anoitecer - Haruki Murakami
"- O que exatamente você quer dizer com criar alguma coisa de verdade?
- Como posso explicar... Quando a música que você interpreta consegue tocar lá no fundo do coração das pessoas, tanto o corpo de quem toca quanto o de quem ouve, com sutiliza, se desloca fisicamente. É conseguir criar esse verdadeiro estado de comunhão. Acho que é isso.
- Difícil, não?
- Muito difícil - Takahashi concorda. - É por isso que resolvi descer e pegar outro trem na próxima estação." pág. 97
- Como posso explicar... Quando a música que você interpreta consegue tocar lá no fundo do coração das pessoas, tanto o corpo de quem toca quanto o de quem ouve, com sutiliza, se desloca fisicamente. É conseguir criar esse verdadeiro estado de comunhão. Acho que é isso.
- Difícil, não?
- Muito difícil - Takahashi concorda. - É por isso que resolvi descer e pegar outro trem na próxima estação." pág. 97
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Circo Nacional da China
Outro posto um pouco atrasado, já que passaram alguns dias desde que assisti o Circo Nacional da China. Mas, de qualquer forma, quero compartilhar minha impressão sobre este espetáculo.
Um pouco mais que o Toll. Um pouco menos que o Cirque du Soleil.
É bom. É incrível o que se pode fazer com um corpo bem condicionado.
Contorcionismos. Equilibrismos. Malabarismos.
Um circo sem animais. Será? A condição de ser um "circo da China" não saia da minha cabeça nem por 1 minuto. Será que quem errou durante o espetáculo será chicoteado nos bastidores? Má cama faz, nela jaz.
De tanto ouvir barbaridades sobre a China (e nem sei quais são verdadeiras) fiquei com esta image.
Caiu? Levanta, cumprimenta o público e tenta de novo. A não ser que o tombo seja tão feio que impeça a repetição da acrobacia. Neste caso, continua em cena, mancando até terminar o ato.
Mas é bom (falta alguma coisa para ser ótimo). E de novo aquela sensação de Made in China. Um descuido com o cenário aqui. Outro ali. E...
Algumas acrobacias eu já havia visto pela TV, e queria muito ver ao vivo. E valeu a pena.
Um pouco mais que o Toll. Um pouco menos que o Cirque du Soleil.
É bom. É incrível o que se pode fazer com um corpo bem condicionado.
Contorcionismos. Equilibrismos. Malabarismos.
Um circo sem animais. Será? A condição de ser um "circo da China" não saia da minha cabeça nem por 1 minuto. Será que quem errou durante o espetáculo será chicoteado nos bastidores? Má cama faz, nela jaz.
De tanto ouvir barbaridades sobre a China (e nem sei quais são verdadeiras) fiquei com esta image.
Caiu? Levanta, cumprimenta o público e tenta de novo. A não ser que o tombo seja tão feio que impeça a repetição da acrobacia. Neste caso, continua em cena, mancando até terminar o ato.
Mas é bom (falta alguma coisa para ser ótimo). E de novo aquela sensação de Made in China. Um descuido com o cenário aqui. Outro ali. E...
Algumas acrobacias eu já havia visto pela TV, e queria muito ver ao vivo. E valeu a pena.
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terça-feira, 15 de setembro de 2009
Políticos
Ninguém nasce político. Os políticos se formam na sociedade.
Sobre isso posso dizer que: também acho uma sacanagem a PRF fazer tocaia com radar nas rodovias. Também acho uma sacanagem uma rodovia com pista dupla ter um limite de 60km/h. Mas e a nossa postura? Se a placa diz 60km/h, por que andamos a 80?
Uma provocação: quem foi que autorizou a colocação daquela placa lá?
Se as pessoas se respeitassem não precisaríamos de governo, nem de legislativo, nem de judiciário, nem de polícia. Utopia, eu sei. Mas eles estão lá e são como são, porque nós estamos aqui e somos como somos. Nós é que os criamos. Nas pequenas falcatruas do dia-a-dia. E depois os elegemos como representantes porque são a nossa imagem e semelhança (Votamos nos iguais. Votamos nos que pensam como nós, para representar os nossos interesses).
E quem autorizou a colocação daquela placa lá na rodovia foram os nossos representantes. Não o teu ou o meu. Não o azul ou o vermelho. Não o de direita, o de esquerda ou o ambidestro. Foram todos eles. Ou em suma, fomos nós.
Sobre isso posso dizer que: também acho uma sacanagem a PRF fazer tocaia com radar nas rodovias. Também acho uma sacanagem uma rodovia com pista dupla ter um limite de 60km/h. Mas e a nossa postura? Se a placa diz 60km/h, por que andamos a 80?
Uma provocação: quem foi que autorizou a colocação daquela placa lá?
Se as pessoas se respeitassem não precisaríamos de governo, nem de legislativo, nem de judiciário, nem de polícia. Utopia, eu sei. Mas eles estão lá e são como são, porque nós estamos aqui e somos como somos. Nós é que os criamos. Nas pequenas falcatruas do dia-a-dia. E depois os elegemos como representantes porque são a nossa imagem e semelhança (Votamos nos iguais. Votamos nos que pensam como nós, para representar os nossos interesses).
E quem autorizou a colocação daquela placa lá na rodovia foram os nossos representantes. Não o teu ou o meu. Não o azul ou o vermelho. Não o de direita, o de esquerda ou o ambidestro. Foram todos eles. Ou em suma, fomos nós.
Após o anoitecer - Haruki Murakami
"O 'homem sem rosto' continua a observá-la em silêncio, sentado numa cadeira de madeira, destas bem simples. De vez em quando, seus ombros fazem um leve movimento para cima e para baixo acompanhando o ritmo de sua respiração, como um barco sem tripulação a vagar sobre as ondas calmas do alvorecer.
No quarto, nada mais se move." pág. 56
Simples. E bonito.
No quarto, nada mais se move." pág. 56
Simples. E bonito.
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Em busca da tranquilidade
Estou trocando as transmissões de futebol pelas de tênis.
São mais silenciosas. Mais educadas. Mais calmas. Menos gritadas.
No futebol, os jogadores gritam, os treinadores gritam, a torcida grita, e se não bastasse essa gritaria toda, os narradores também gritam.
Até parece que futebol se ganha no grito (se bem que ultimamente...).
Aquele barulho todo chega a dar náuseas.
No tênis há o silêncio (a não ser que um argentino esteja na final). Apenas o som da bola quicando ou o esforço do jogador. Aplausos só ao final da jogada. Tão mais tranquilo. Como isolar-se numa ilha deserta.
E pensar que numa partida super profissional de tênis chega a haver nove juízes e ainda usam o recurso de replay eletrônico... No futebol são três pra um campo daquele tamanho. E ainda querem que eles sejam perfeitos (e a Fifa se recusa a adotar qualquer modernidade - mesmo nas competições oficiais - porque vai "elitizar" o esporte).
São mais silenciosas. Mais educadas. Mais calmas. Menos gritadas.
No futebol, os jogadores gritam, os treinadores gritam, a torcida grita, e se não bastasse essa gritaria toda, os narradores também gritam.
Até parece que futebol se ganha no grito (se bem que ultimamente...).
Aquele barulho todo chega a dar náuseas.
No tênis há o silêncio (a não ser que um argentino esteja na final). Apenas o som da bola quicando ou o esforço do jogador. Aplausos só ao final da jogada. Tão mais tranquilo. Como isolar-se numa ilha deserta.
E pensar que numa partida super profissional de tênis chega a haver nove juízes e ainda usam o recurso de replay eletrônico... No futebol são três pra um campo daquele tamanho. E ainda querem que eles sejam perfeitos (e a Fifa se recusa a adotar qualquer modernidade - mesmo nas competições oficiais - porque vai "elitizar" o esporte).
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domingo, 13 de setembro de 2009
sábado, 12 de setembro de 2009
Após o anoitecer - Haruki Murakami
"Ela interrompe a leitura e volta-se para a janela, que, do segundo andar, permite observar o movimento lá embaixo. Apesar do horário, as ruas ainda estão bem iluminadas e é grande o número de pessoas que vêm e vão. Pessoas que têm objetivos e as que não têm. Pessoas que tentam parar o tempo e as que querem acelerá-lo. Ela observa por algum tempo essa cidade sem nexo e procura concentrar-se em respirar com serenidade, para depois voltar novamente às páginas do livro. Estende o braço para alcançar a xícara de café. O cigarro, após algumas poucas tragadas, está apoiado no cinzeiro e gradativamente, mantendo seu formato, vai se transformando em cinzas." pág. 10
Na leitura deste livro estou experimentando um acompanhamento da internet. É interessante. Ouço as músicas citadas. Agora procurei umas fotos do Denny's (bar/restaurante que aparece logo no início da história).
Talvez alguns possam pensar que isso estrague um pouco do trabalho da imaginação. Também desconfiei que isso pudesse acontecer. Mas eu li o livro antes de procurar pelas imagens. E as músicas foram um doce complemento (pois estas procurei logo que eram citadas). Ajudaram a criar a atmosfera dos lugares que eu imaginava. Foram o acompanhamento perfeito.
Na leitura deste livro estou experimentando um acompanhamento da internet. É interessante. Ouço as músicas citadas. Agora procurei umas fotos do Denny's (bar/restaurante que aparece logo no início da história).
Talvez alguns possam pensar que isso estrague um pouco do trabalho da imaginação. Também desconfiei que isso pudesse acontecer. Mas eu li o livro antes de procurar pelas imagens. E as músicas foram um doce complemento (pois estas procurei logo que eram citadas). Ajudaram a criar a atmosfera dos lugares que eu imaginava. Foram o acompanhamento perfeito.
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quinta-feira, 10 de setembro de 2009
As editoras, os autores e os livros
As vezes se espera muito de um livro e ele não nos dá nada. Ou quase nada.
Não sei porque as editoras escolhem tanto quem publicar (digo isso em relação aos novos autores), se ao final publicam sempre os mesmos nomes. Ainda que o texto seja um lixo.
Escrevo isto pensando mais uma vez no Amsterdam, de Ian McEwan. O que me levou a isso foi o início (ótimo) da leitura de "Após o anoitecer", de Haruki Murakami.
Aliás, mudando de assunto, uma reforma ortográfica realmente útil, deveria substituir o "qu" por "k".
Não sei porque as editoras escolhem tanto quem publicar (digo isso em relação aos novos autores), se ao final publicam sempre os mesmos nomes. Ainda que o texto seja um lixo.
Escrevo isto pensando mais uma vez no Amsterdam, de Ian McEwan. O que me levou a isso foi o início (ótimo) da leitura de "Após o anoitecer", de Haruki Murakami.
Aliás, mudando de assunto, uma reforma ortográfica realmente útil, deveria substituir o "qu" por "k".
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terça-feira, 8 de setembro de 2009
Um link
Sem tempo para o cinema?
NUma época de mundo acelerado, vidinha corrida ou seja lá como você queira definir, não se desespere. Há jeito para tudo.
Filmes de 5 segundos.
5secondfilmes
Você nem viu e já acabou.
NUma época de mundo acelerado, vidinha corrida ou seja lá como você queira definir, não se desespere. Há jeito para tudo.
Filmes de 5 segundos.
5secondfilmes
Você nem viu e já acabou.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Estômago
Quem cozinha sempre tem mais oportunidades de se "dar bem" em situações delicadas. É ou não? No quartel, no Big Brother e na cadeia. Duvida? Assista Estômago.
Raimundo Nonato, chega do interior a uma grande metrópole. Ninguém sabe porque veio. Ninguém sabe pra onde vai. Nem ele.
Por causa da fome esbarra na sua nova profissão. E como tem talento, as coisas progridem rápido.
Raimundo é ingênuo. Sim. Ingênuo.
Apaixona-se por uma prostituta.
Não sabe beber, ou melhor sai do ar quando bebe.
Depois de passar um mês preparando coxinhas e pastéis num boteco (em troca de cama e comida), é levado para um bom restaurante de culinária italiana. Lá aprende muito sobre gastronomia. Seu tutor é o dono do restaurante, que percebe nele um talento natural para a cozinha.
Mas há a prostituta. Há a bebida. Um incidente que culmina no filé mignon.
A narrativa faz um jogo, intercalando momentos da situação atual de Nonato no presídio, e a sua história na metrópole até o desfecho que revela o porque da sua prisão. Um recurso que dá o tom certo de suspense ao filme.
E ao final?
A ingenuidade esvai-se com a crueza da vida. Carpaccio não é comida de presídio. Mas as pessoas, por mais humildes que sejam, podem ter suas ambições. Mesmo que seja ter a cama mais alta da cela. Ou podem morrer pela boca. Depende de quem se é.
A vida real. Pessoas de verdade. De carne, osso e filé mignon. Da miséria engraçada da vida. Das coxinhas e pastéis de vento. De cada um ser o que pode.
Literalmente uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e gastronomia.
Raimundo Nonato, chega do interior a uma grande metrópole. Ninguém sabe porque veio. Ninguém sabe pra onde vai. Nem ele.
Por causa da fome esbarra na sua nova profissão. E como tem talento, as coisas progridem rápido.
Raimundo é ingênuo. Sim. Ingênuo.
Apaixona-se por uma prostituta.
Não sabe beber, ou melhor sai do ar quando bebe.
Depois de passar um mês preparando coxinhas e pastéis num boteco (em troca de cama e comida), é levado para um bom restaurante de culinária italiana. Lá aprende muito sobre gastronomia. Seu tutor é o dono do restaurante, que percebe nele um talento natural para a cozinha.
Mas há a prostituta. Há a bebida. Um incidente que culmina no filé mignon.
A narrativa faz um jogo, intercalando momentos da situação atual de Nonato no presídio, e a sua história na metrópole até o desfecho que revela o porque da sua prisão. Um recurso que dá o tom certo de suspense ao filme.
E ao final?
A ingenuidade esvai-se com a crueza da vida. Carpaccio não é comida de presídio. Mas as pessoas, por mais humildes que sejam, podem ter suas ambições. Mesmo que seja ter a cama mais alta da cela. Ou podem morrer pela boca. Depende de quem se é.
A vida real. Pessoas de verdade. De carne, osso e filé mignon. Da miséria engraçada da vida. Das coxinhas e pastéis de vento. De cada um ser o que pode.
Literalmente uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e gastronomia.
domingo, 6 de setembro de 2009
Kung Fu Panda
Adoro desenhos animados. Por mais simples que sejam as histórias. Em geral são feitos para crianças, e por isso toquem os adultos de uma forma diferente e profunda.
Sim a mensagem, a moral da história está lá. Mas permite que você a leia e interprete. Adapte-a à sua vida.
Kun Fu Panda é uma ótima animação. Ainda mais por se utilizar da estética chinesa.
Os pessegueiros em flor são lindos. Sempre.
Sim a mensagem, a moral da história está lá. Mas permite que você a leia e interprete. Adapte-a à sua vida.
Kun Fu Panda é uma ótima animação. Ainda mais por se utilizar da estética chinesa.
Os pessegueiros em flor são lindos. Sempre.
sábado, 5 de setembro de 2009
Frenesi Polissilábico - Nick Hornby
Um livro para quem gosta de livros, de ler e/ou escrever. Se você é leitor, vai adorar. Se você escreve, acho que também vai adorar ler um escritor escrevendo sobre livros. Agora, se você não gosta de livros ou está começando a ler... creio que este não seja um bom começo para as suas leituras. Não que o livro seja ruim, mas para um iniciante ele é um pouco “pesado”.
Como se trata de uma coletânea de artigos mensais escritos para uma revista, há uma constante quebra de ritmo. E esta quebra deixa o texto um tanto monótono em alguns momentos. Talvez o melhor termo seja lento.
Em alguns momentos fiquei com a impressão de ser um livro longo demais, apesar de ter só 262 páginas. Mas ao final, tive aquela velha e incomoda sensação que os livros bons deixam (como um vinho bom que insiste em não abandonar a nossa boca): por que acabou? Sim, no fim eu queria que não tivesse acabado. O autor transformou-se num amigo que nos conta suas leituras. Que compartilha suas opiniões e nos indica boas leituras. Um amigo que compra livros, por vezes alucinadamente, como nós, mesmo sabendo que não terá tempo para lê-los.
O ponto negativo: ou Nick Hornby escreve muito mal (o que não parece ser o caso, pois já li outro livro dele), ou Frenesi Polissilábico foi muito mal traduzido. Vai tudo muito bem, mas de repente nos deparamos com frases ininteligíveis. Um tradutor sonolento em piloto automático. Ou um revisor que pulou algumas páginas. Rocco, favor verificar isso.
Como se trata de uma coletânea de artigos mensais escritos para uma revista, há uma constante quebra de ritmo. E esta quebra deixa o texto um tanto monótono em alguns momentos. Talvez o melhor termo seja lento.
Em alguns momentos fiquei com a impressão de ser um livro longo demais, apesar de ter só 262 páginas. Mas ao final, tive aquela velha e incomoda sensação que os livros bons deixam (como um vinho bom que insiste em não abandonar a nossa boca): por que acabou? Sim, no fim eu queria que não tivesse acabado. O autor transformou-se num amigo que nos conta suas leituras. Que compartilha suas opiniões e nos indica boas leituras. Um amigo que compra livros, por vezes alucinadamente, como nós, mesmo sabendo que não terá tempo para lê-los.
O ponto negativo: ou Nick Hornby escreve muito mal (o que não parece ser o caso, pois já li outro livro dele), ou Frenesi Polissilábico foi muito mal traduzido. Vai tudo muito bem, mas de repente nos deparamos com frases ininteligíveis. Um tradutor sonolento em piloto automático. Ou um revisor que pulou algumas páginas. Rocco, favor verificar isso.
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sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Efeméride 24
"Eu acho que um bom romance é aquele capaz de perturbar. O que incomoda. Um romance que não incomode provavelmente não merece ser publicado."
José Eduardo Agualusa - Escritor angolano
? As coisas que te incomodam são as mesmas coisas que me incomodam?
E pra diversão não vai nada?
José Eduardo Agualusa - Escritor angolano
? As coisas que te incomodam são as mesmas coisas que me incomodam?
E pra diversão não vai nada?
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quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Snow Cake – Um certo olhar
Já faz algum tempo que assisti a este filme. Escrevi o texto e esqueci de postar. Então, agora vai.
O universo mágico de uma autista. Onde a morte nada mais é do que a perda de uma companhia para brincar e, mais importante, de alguém que leve o lixo para fora.
Mas esse alguém morreu. Não vai voltar. Então, pronto. É isso e não há o que lamentar.
Também é a história (um tanto perdida) de um homem que tenta se reencontrar após passar anos na prisão. O motivo aparecerá ao longo do filme. Mas posso adiantar que ele é não é um monstro.
Ainda, é a história da vizinha que quer ser útil, que quer viver. De um caminhoneiro que espera algum tipo de perdão. É a história de uma carona e uma fatalidade.
Enfim, é a história de uma menina que, mesmo cedo abandonando a história, está sempre presente. Sempre ali, viva.
O universo mágico de uma autista. Onde a morte nada mais é do que a perda de uma companhia para brincar e, mais importante, de alguém que leve o lixo para fora.
Mas esse alguém morreu. Não vai voltar. Então, pronto. É isso e não há o que lamentar.
Também é a história (um tanto perdida) de um homem que tenta se reencontrar após passar anos na prisão. O motivo aparecerá ao longo do filme. Mas posso adiantar que ele é não é um monstro.
Ainda, é a história da vizinha que quer ser útil, que quer viver. De um caminhoneiro que espera algum tipo de perdão. É a história de uma carona e uma fatalidade.
Enfim, é a história de uma menina que, mesmo cedo abandonando a história, está sempre presente. Sempre ali, viva.
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terça-feira, 1 de setembro de 2009
Frenesi Polissilábico - Nick Hornby
"Às vezes parece que nos pedem para imaginar julgamentos culturais como um monte de círculos concêntricos. Do lado de fora, temos os errados, compostos por gente que lê O código Da Vinci e ouvem Celine Dion; bem no meio, temos os corretos, compostos pelos críticos arrogantes, a maioria dos quais jurou nunca mais rir até Aristófanes produzir uma continuação de As rãs. (...) O mundo é muito mais complexo do que o mostrado neste diagrama, é claro, mas às vezes é fácil esquecer que o 'pessoal rã' não é dono da verdade." pág. 205
Com certeza vocês tem que ler este livro. A continuação deste trecho é engraçada. Mas eu não vou dar o texto todo assim de bandeja.
Mas, eu concordo com ele. E ponto.
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