Sim, eu não me canso. Vale a pena assistir. Os diálogos são memoráveis.
É fabuloso viver só em espírito,
dia a dia, eternamente...
testemunhar o que é espiritual nas pessoas.
Mas às vezes fico farto
com a minha existência espiritual...
Gostaria de deixar de flutuar
eternamente nas alturas.
Gostaria de sentir meu peso...
acabar com a ausência de
fronteiras e me unir à Terra.
Gostaria de a cada passo,
a cada lufada de vento...
ser capaz de dizer:
"Agora, agora e agora."
Não mais:
"Para sempre" e "Pela eternidade".
Sentar no lugar vago da mesa de cartas,
ser cumprimentado...
mesmo que por um
pequeno gesto de cabeça.
Sempre que participamos de algo,
foi fingindo.
Fingimos que numa luta,
deslocamos o quadril...
fingimos pescar um peixe.
Fingimos sentar à mesa,
beber e comer.
Cordeiros tostados e vinho servidos
nas tendas do deserto...
apenas um fingimento.
Não quero gerar uma criança
ou plantar uma árvore...
mas seria bom, chegar em
casa depois de um longo dia...
e alimentar o gato,
como faz Philip Marlowe...
ter uma febre, melar os dedos
de preto com o jornal.
Se entusiasmar não só com coisas
espirituais, mas com uma refeição,
com o contorno de um
pescoço, com uma orelha.
Mentir.
Sentir o sorriso de alguém.
Ao andar, sentir os ossos
se movimentando.
Por fim "achar"
ao invés de "saber".
Poder dizer:
"Ah" e "Oh" e "Ei"...
ao invés de: "Sim" e "amém."
- Sim.
Poder, pelo menos uma vez,
se entusiasmar com o mal.
Atrair para si os demônios
dos transeuntes...
e caçá-los no mundo.
Ser selvagem.
Ou por fim sentir como seria tirar
os sapatos debaixo da mesa...
e, descalço, mover os dedos assim...
Ficar sozinho.
Deixar as coisas acontecerem.
Ser sério.
Só podemos ser selvagens
na medida em que formos sérios.
Não fazer nada além de olhar.
Reunir, testemunhar, dar fé, proteger...
Permanecer sendo espírito.
Manter-se à distância. Ficar na palavra.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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