Contos fantásticos... fantásticos. Um início infame, mas que transmite a realidade. As histórias passeiam do suspense à ficção científica, indo aos limites e profundidade que o formato conto permite. E é aí que reside um pequeno problema. A brevidade do conto, em geral, limita a profundidade. Sim, eu sei que há contos maravilhosamente densos e abissais. Sei que para muitos os contos são um estado de arte. E conheço alguns assim, raríssimos, que ficam na memória para todo o sempre, como os melhores romances e as melhores poesias. Mas para mim (e a brevidade é um problema meu), que tenho tendência a envolver-me com os personagens, a torcer por eles, o conto acaba antes. Eu preciso viver o personagem, estar ao seu lado.
Em "Coisas frágeis", isso acontece na última história (por sinal a mais longa) e em mais duas ou três, mas ainda não posso dizer se terão a intensidade necessária para um "todo o sempre". É preciso esperar que se passe um pouco mais de tempo.
Podemos nos perguntar de onde vem o título desta coletânea. O que seriam as coisas frágeis? Frágeis podem ser os fragmentos de vida contados em cada história, conforme Gaiman da a entender na introdução. Também pode estar se referindo às coisas frágeis que são as vidas dos personagens ou as nossas próprias vidas. Mas pode ser que esteja se referindo aos frágeis limites entre o que pode ser explicado, o que é visível e aquilo que fica logo ali, do lado de lá. O que? Não sei, não vejo, porque está ali, do outro lado da linha, escondido atrás da sombra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário